Por Itatiaia
Treze senadores de oposição apresentaram nesta quarta-feira (19) o pedido de impedimento do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) por uma declaração feita no encontro da União Nacional dos Estudantes (UNE) na última quarta-feira (12). Além dos parlamentares do Senado, 77 deputados de dez partidos também assinam o documento entregue à mesa e direcionado ao presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, que irá apreciá-lo e decidir se coloca ou não para votação no plenário. O impeachment de Barroso precisaria de 54 votos para ser aprovado.
Vice-líder da bancada do Partido Liberal (PL) no Senado, Jorge Seif (PL-RJ) afirmou que a declaração do ministro sobre a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições do ano passado “fere de morte a democracia”. O parlamentar alegou que a apresentação do pedido de impeachment ainda em meio ao recesso parlamentar é a certeza de que os votos dos eleitores não estão sendo ignorados. “Crime não se resolve com pedido de perdão. Crime não se resolve com retratação”, disse.
Líder da oposição na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy (PL-RJ) insistiu na necessidade de instaurar um processo de impedimento do ministro da Corte Suprema e alfinetou Pacheco. “Ele [Luís Roberto Barroso] demonstrou desrespeito com a democracia, desrespeito com a Constituição. É um fato cristalino o crime de responsabilidade, e rogamos ao presidente Rodrigo Pacheco que abra a investigação, e não engavete o pedido dessa vez”, declarou.
Senador acredita que Pacheco seguirá com pedido para o plenário
Para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que também assina o pedido, o ministro Barroso não cumpre o próprio papel e ultrapassou os limites em relação ao ex-presidente. “Houve ao longo do tempo uma série de trocas, de declarações públicas atacando o presidente Bolsonaro. Mas, agora, chegar a esse ponto… Como ele [Barroso] vai julgar as coisas envolvendo o nome do presidente Bolsonaro? Ele vai se declarar impedido? Vai se declarar suspeito?”, indagou.
Na última quinta-feira (13), o presidente do Congresso Rodrigo Pacheco (PSD-MG) declarou que analisaria o pedido de impeachment se o documento fosse apresentado pelos senadores, mas escorregou ao responder se instauraria investigação para levar a apreciação ao plenário. “Uma decisão negativa não significa que seja um movimento de concordância com determinadas posturas, afirmou à ocasião. O parlamentar, entretanto, garantiu que apreciaria o pedido com “a decência que cabe”.
Flávio avaliou a fala de Pacheco e indicou não haver argumentos para engavetar o pedido da oposição. “Esse [ocorrido, a declaração de Barroso) é um batom na cueca. Não existe desculpa, não existe contexto que você queira dar. A foto é horrorosa, mas o filme do Barroso ao longo dos anos é um filme de terror, de ataque ao Bolsonaro”, disse. “Não há fundamento para se arquivar um pedido de impeachment do Barroso. Tem que ser uma ginástica muito grande ou um trator com muita força para simplesmente atropelar e ignorar essa postura do ministro”, concluiu.
Ministro Luís Roberto Barroso no centro da polêmica
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), participou de um encontro da União Nacional dos Estudantes (UNE) na quarta-feira passada (12) e, após ser vaiado, afirmou: “Nós derrotamos a censura. Nós derrotamos a tortura. Nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”.
A declaração gerou mal-estar entre políticos de oposição e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que na noite passada começaram a articular a coleta de assinaturas para apresentar um pedido de impeachment do ministro ao Congresso Nacional.
Foto: Agência Brasil