Por CNN
Menos de uma semana após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manter a taxa básica de juros em 13,75%, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou quatro requerimentos para que o presidente Roberto Campos Neto novamente preste esclarecimentos sobre a política monetária e a definição da Selic.
Os pedidos são de autoria dos senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), Ciro Nogueira (PP-PI), Rogério Marinho (PL-RN) e Plínio Valério (PSDB-AM).
Os senadores aprovaram um convite, portanto, o presidente do BC não é obrigado a comparecer. A data da audiência ainda não definida.
Campos Neto já esteve na mesma comissão em abril deste ano, e defendeu a autonomia da entidade monetária.
Líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues disse que o “Brasil está estupefato” diante da sétima vez consecutiva de manutenção da taxa de juros em 13,75%.
Inicialmente, o seu pedido era por convocação — quando o intimado é obrigado a comparecer — e não um convite.
Ainda nesta terça, chamou a atenção manifestação da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que reclamou da diferença entre o comunicado do Copom — que é emitido logo após a reunião — e ata propriamente dita, um texto mais amplo e com explicações acerca da decisão do Comitê.
Tebet defendeu que, se senadora fosse, também aprovaria a convocação de Campos Neto.
“Me despindo por dois minutos da minha função de ministra e voltando ao momento em que fui senadora, eu num caso desses convocaria, sim, o presidente do Banco Central. Mas acho que não será necessário”, disse a jornalistas no Palácio do Planalto.
Nesta semana, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também lançou uma manifestação no sentido de aprovar uma convocação de Campos Neto.
Fávaro, antes de comandar a Pasta, era senador.
“Temos que saber dele, qual é a responsabilidade dele com o Brasil. Uma das metas do Banco Central é trabalhar o controle da inflação, isso está indo muito bem, a política econômica está indo muito bem, dando sinais cada vez mais fortes de que o controle da inflação é permanente. Qual sentido se faz em ter taxas de juros básicas, a Selic de 13,75%, o que ele pensa dos empregos, o que ele pensa do desenvolvimento desse país?”, falou após agenda no Ministério da Fazenda.
Ata mais positiva na direção de redução dos juros
Na ata da última reunião do Copom, realizada na semana passada, a maioria dos integrantes do Copom avaliou que o processo de queda da inflação poderá possibilitar uma queda dos juros a partir da próxima reunião do colegiado.
Parte dos membros do Comitê, no entanto, avaliou que ainda é cedo para estimar início da redução da Selic.
Para esse grupo, “é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo”.
Entretanto, os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou que a ata indica para uma mudança de direção na próxima reunião e possível redução da Selic a partir de agosto.
Foto: REUTERS/Adriano Machado