Após a derrubada do governo de Bashar al-Assad neste domingo (8), o país segue em uma escalada da crise, com registros de bombardeios em Damasco, capital do país, e mobilização das forças militares de Israel nas Colinas de Golã. O cenário aprofunda os conflitos em jogo após quase 25 anos do governo deposto e pode alterar os interesses de potências envolvidas no conflito.
De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), ataques israelenses tiveram como alvo um complexo de segurança na capital síria, que abriga prédios de inteligência, alfândega e um quartel-general militar. Um correspondente da agência AFP que estava no local relatou incêndios intensos nos edifícios atingidos.
Enquanto isso, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que ordenou ao Exército israelense a entrada em uma zona desmilitarizada nas Colinas de Golã, em resposta à retirada das forças sírias da região. Netanyahu classificou a queda de Assad como um “dia histórico no Oriente Médio” e um golpe significativo no “eixo do mal” liderado pelo Irã.
“O colapso desse regime é resultado direto dos nossos esforços contra o Irã e o Hezbollah, principais aliados de Assad. Isso fortaleceu aqueles que buscam liberdade na região”, afirmou Netanyahu durante uma visita às Colinas de Golã, território anexado por Israel em 1981, mas cuja ocupação é amplamente não reconhecida pela comunidade internacional, exceto pelos Estados Unidos.
Segundo o Exército israelense, tropas foram reforçadas nas Colinas de Golã diante do avanço dos rebeldes sírios. Em comunicado, Israel afirmou ter auxiliado forças de paz da ONU a repelir um ataque perto de Hader, na zona tampão controlada por capacetes azuis.
O que está acontecendo na Síria?
Na madrugada deste domingo, forças rebeldes islamistas tomaram o controle da cidade de Damasco, capital da Síria, e anunciaram a derrubada do governo.
A ação fez parte de uma nova ofensiva rebelde iniciada na última sexta-feira (29), quando Aleppo, a segunda maior cidade do país, foi tomada pelos grupos armados.
Desde então, tropas do grupo Hayat Tahrir al-Sham, extremistas ligados à Al-Qaeda, foram avançando e conquistando posições no país que é palco de uma guerra civil iniciada em 2011, mas que estava adormecida há pelo menos quatro anos.
A tomada de Damasco deve marcar o início de uma nova fase na Síria, já que encerrou quase 25 anos de governo de Bashar al-Assad e pode alterar os interesses de potências envolvidas no conflito.
O governo da Rússia, aliado de Assad, confirmou que o presidente recebe asilo em Moscou. Já o Irã, outro governo próximo ao sírio, reforçou a necessidade de respeito à autodeterminação do povo da Síria.
Os EUA se pronunciaram pelo presidente em fim de mandato, Joe Biden, que afirmou acompanhar com preocupação o desenrolar dos confrontos. Já Donald Trump, que deve assumir no dia 20 de janeiro, disse que Assad caiu porque perdeu o apoio da Rússia.
Com informações do Diário do Centro do Mundo.
Foto: BAKR ALKASEM/AFP.