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Só faltava essa: um brasileiro tentou matar a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner

3 de setembro de 2022, 10h30 | Por Redação - Blog do Lindenberg

by Redação - Blog do Lindenberg

Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br

Essa tentativa de assassinar a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nessa última quinta-feira, não pode se inscrever apenas no capítulo da violência política que parece estabelecida na América Latina. Parece que vai além disso.

A começar por um post levado a efeito pelo autor do atentado, Fernando Andrés Sabag Montiel, que dizia o seguinte, em espanhol: “Com un presidente fuerte y um ministro de economia de Chicago, la sorpresa hubiese sido que no haya crescido”. E abaixo um texto do jornal argentino La Nacion, nos seguintes termos: “Sorpesa en Brasil: la economia creció mas de lo esperado y se encamina a su mejor año em mucho tiempo”.

A postagem, seguida do atentado, levou observadores locais à conclusão de que o autor da tentativa de assassinato à vice-presidente argentina poderia ser um bolsonarista, ainda que não tenha sido essa a conclusão da polícia do país vizinho. O fato, no entanto, é que as duas postagens não deixam margem a dúvidas quanto ao propósito de Fernando Andrés, até porque ele acionou o gatilho da automática duas vezes e a pistola Bersa calibre 32, de fabricação argentina, mas já fora de uso, tinha cinco balas. E a arma usada na tentativa do assassinato de Cristina, como se pode ver pelos vídeos ou fotos, foi acionada a poucos metros do rosto da vice-presidente.

O presidente Alberto Fernandez decretou feriado nacional ontem na Argentina, dada a comoção que tomou conta do país. Aqui no Brasil todos os presidenciáveis se pronunciaram ainda ontem repudiando a tentativa de assassinato da vice-presidente. Bolsonaro se posicionou na tarde de ontem. O presidente da Argentina não se dá bem com o presidente brasileiro, assim como não se dá bem, também, com o presidente do Chile, Gabriel Boric, o que faz crer que Bolsonaro se inscreve na frente que parece se formar no continente à direita dos movimentos populares.

Ele, aliás, não faz nenhuma questão de esconder isso. Imaginem que o próprio Papa Francisco, ex-arcebispo de Buenos Aires, se pronunciou em solidariedade a Cristina Kirchner, ressaltando a sua “solidariedade e proximidade neste momento delicado” e disse que reza para que a “harmonia social e o respeito aos valores democráticos sempre permaneçam”.

O adversário de Alberto Fernandez e de Cristina, Maurício Macri, também repudiou o atentado contra sua ex-adversária, nos seguintes termos: “Mi repudio absoluto al ataque sufrido por Cristina Kirchner que afortunadamente no ha tenido consecuencias para la vicepresidenta”.

Senadores da oposição e do governo, a despeito das postagens de Andrés, fizeram questão ontem de dizer que não há relação entre o atentado a Cristina e o seu autor. Um deles, Luiz Naidenoff, da União Cívica Radical, um opositor do peronismo que chefia a nação argentina, afirma que o momento de gravidade política que vive a Argentina está relacionado a “uma escalada da violência no debate político que não mede consequências”.

Ao jornal Folha de São Paulo, o senador disse que está ciente das especulações feitas no Brasil devido à nacionalidade do homem que atacou a vice-presidente. Disse mais o senador da União Cívica Radical, de oposição ao peronismo que controla a Argentina: “Sabemos que Bolsonaro vem fazendo declarações contra o peronismo, mas daí a associar as atitudes do agressor ao bolsonarismo é precipitado e raso”, disse Naidenoff.

Foto: reprodução

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