Por Itatiaia
O Supremo Tribunal Federal (STF) vai investigar as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) sobre o envolvimento do governo Lula nos atos golpistas do dia 8 de janeiro, em Brasília. Uma semana depois que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram, depredaram e saquearam as sedes dos três Poderes na capital federal, Zema disse que o governo fez “vista grossa” para se “fazer de vítima”. As declarações foram dadas à Rádio Gaúcha.
A ação foi protocolada pelos deputados federais Reginaldo Lopes (PT-MG) e Zeca Dirceu (PT-PR) – este último, líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados – no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O Tribunal, que é responsável por julgar questões relativas a governadores de Estado e do Distrito Federal, encaminhou a ação para o STF, que investiga as ações relacionadas aos atos antidemocráticos.
Em sua decisão no dia 16 de fevereiro, mas que só foi divulgada no fim do mês passado, o ministro Humberto Martins cita que os eventos estão sendo investigados nos autos do inquérito 4.921.
“Considerando que a presente interpelação judicial trata de medida preparatória a eventual ação penal e que a manifestação do interpelado diz respeito aos eventos investigados nos autos do Inquérito n. 4.921, instaurado pelo Supremo Tribunal Federal para apurar responsabilidades dos autores intelectuais dos atos de vandalismo ocorridos na Capital da República em 8/1/2023, remetam-se os autos ao Pretório Excelso para que avalie a sua eventual competência para processar o presente feito”, diz trecho da decisão citando inquérito presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, no STF.
A Itatiaia entrou em contato com o Governo de Minas e aguarda posicionamento sobre a movimentação do processo junto ao STF.
‘Vista grossa’
Os deputados Reginaldo Lopes (PT) e Zeca Dirceu (PT) acionaram o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que o governador Romeu Zema (Novo) tenha que explicar e mostrar provas sobre sua declaração de que o governo Lula poderia ter feito “vista grossa” no dia em que as sedes dos Três Poderes foram invadidas.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (16), o governador criticou a ação de radicais apoiadores do ex-presidente Bolsonaro e cobrou investigação para individualizar os crimes cometidos.
“Me parece que houve um erro da direita radical, que é minoria. Houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizesse de vítima. É uma suposição. Mas as investigações vão apontar se foi isso”, disse Zema.
O governador de Minas criticou o afastamento de Ibaneis Rocha (MDB), determinado pelo ministro Alexandre de Moraes. Zema cobrou ainda uma apuração para identificar quem estava em Brasília para depredar patrimônio público e quem estava na capital federal para se manifestar.
Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG
