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Stock Car em BH vai afetar fornecimento de ratos de laboratório para todo o país, diz UFMG; entenda Por causa da poluição sonora, universidade diz que roedores que servem para pesquisas de vacinas e remédios estão ameaçados. Além disso, o único laboratório do estado credenciado para análises de produtos laticínios ficará fechado.

15 de agosto de 2024, 09h09 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ainda tenta na Justiça alterar o local de realização da Stock Car em Belo Horizonte, marcada para o feriadão municipal (15 a 18 de agosto), nas avenidas do entorno do Mineirão e da instituição.

A instituição argumenta que o evento afetará pesquisas em todo o país e serviços essenciais prestados para entes públicos e privados.

A principal queixa da UFMG é a poluição sonora a ser produzida pelo evento. Parte da rota da corrida passará a cerca de 50 metros do Hospital Veterinário da universidade e a cerca de 100 do Biotério da UFMG.

“Não há nada que se possa fazer para mitigar os ruídos causados por esses carros. […] Esses animais precisam ser criados em espaços adequados para pesquisa”, afirmou Sandra Goulart Almeida, reitora da UFMG.
A instituição destaca que o biotério é responsável por 23 mil unidades de roedores cobaias para pesquisas científicas, que são utilizados para testes de vacinas e remédios em todo o país.

Segundo a instituição, os animais ficam fragilizados quando expostos a ruídos superiores a 70 decibéis e a expectativa é que a corrida chegue a provocar sons de mais de 100 decibéis — nível que outros eventos realizados na região não atingem, ainda de acordo com a UFMG.

Além disso, o laboratório do Hospital Veterinário, único de Minas Gerais credenciado pelo Ministério da Agricultura para proceder análises de leite vindo das regiões Sudeste e Nordeste, terá sua capacidade reduzida.

Mais de 300 fábricas de laticínios terão análises de leite que seriam comercializados impactadas, de acordo com a universidade.

“Não temos nada contra a Stock Car, mas, desde que ficamos sabendo, destacamos que ali não é um espaço para fazer um evento dessa natureza”, declarou a reitora da UFMG.

A universidade diz que não houve licenciamento adequado para realização do evento e acusa os organizadores e a Prefeitura de falta de diálogo, já que não estiveram presentes em reuniões e audiências públicas sobre o assunto.

Ações na Justiça
Ações contra a realização da Stock Car na Pampulha tramitam na Justiça estadual e federal.

O Ministério Público Federal (MPF) alega que os estudos de mitigação acústica apresentados pelos organizadores foram insuficientes.

Na Justiça estadual, há uma ação civil pública em tramitação e a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) anunciou que entrou com uma nova liminar com o pedido de suspensão.

BH Stock Festival
O BH Stock Festival ocorrerá no circuito de 3.200 metros ao redor do Mineirão, nomeado em homenagem ao piloto Toninho da Matta.

Na quinta-feira (15), os pilotos fazem reconhecimento da pista. Na sexta (16), treinos livres. No sábado (17), será realizada a corrida classificatória e, no domingo (18), a corrida principal.

Estrelas do automobilismo como Felipe Massa e Rubens Barrichello estarão presentes — agora como rivais —, além de nomes como Nelson Piquet Jr, Júlio Campos e Cacá Bueno.

De acordo com os organizadores, o festival promete um impacto econômico significativo, com retorno financeiro estimado de R$ 200 milhões na cidade, gerando 2 mil empregos diretos e atraindo mais de 30 mil visitantes.

Polêmica
A Stock Car em Belo Horizonte está prevista para acontecer entre 15 e 18 de agosto de 2024. O evento é centro de polêmicas e alvo de protestos contra o local escolhido.

Em dezembro do ano passado, a prefeitura fechou um acordo com a empresa organizadora da competição para que BH receba, por cinco anos consecutivos, uma edição anual da corrida.

Para isso, intervenções deveriam ser feitas nos arredores do Mineirão, sendo necessário derrubar mais de 60 árvores, a maioria delas saudável.

Como resposta, a prefeitura afirmou que já fez o replantio dessas árvores e que fará de mais outras centenas de mudas ao longo dos próximos anos.

Posteriormente, a UFMG se manifestou contra a realização do evento, principalmente por causa dos impactos esperados no prédio da Escola de Veterinária.

O local abriga laboratórios de pesquisa e um hospital para animais, onde são feitos cerca de três mil procedimentos por mês, entre cirurgias e acompanhamentos oncológicos.

Completa que o período da interdição dos acessos ao campus pode se estender por até 19 dias, no mês de agosto, entre a montagem da estrutura e a prova, o que impacta diretamente as atividades acadêmicas.

A expectativa, de acordo com a prefeitura, é que o evento gere um retorno financeiro de R$ 20 milhões para o município em 2024.

Com informações do G1.
Foto: Raphaella Dias/UFMG.

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