Não restou outra alternativa ao Supremo Tribunal Federal senão manter a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), bem como não houve jeito de o Procurador Geral da República, Augusto Aras, senão oferecer denúncia ao pleno do STF contra o parlamentar por uma série de ofensas aos ministros do Supremo, além de pedir a volta do AI-5, tudo num vídeo de uns 20 minutos eivado de palavrões, bem ao estilo grotesco do deputado, que se tornou conhecido quando na campanha para a Câmara Federal ele arrancou, na companhia do ex-governador Wilson Witzel, uma placa de homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada por pistoleiros cariocas, também conhecidos como milicianos, poucos meses antes.
O deputado depois disso, já eleito, cometeu uma série de atos próprios de sua truculência, como a invasão do Colégio Pedro II, de onde foi expulso pela Polícia Federal, além de outros feitos pouco recomendáveis, até que na terça-feira fez o ataque aos ministros e ao próprio STF, o que levou a instituição a mantê-lo preso por unanimidade de seus pares, por um crime considerado por Alexandre de Moraes como inafiançável e em flagrante delito, no primeiro teste de firmeza ou não do deputado Arthur Lira, eleito recentemente para a presidência Câmara dos Deputados, com o apoio do presidente Bolsonaro, e depois de um racha no Democrata que acabou abocanhando um ministério para um ex-chefe de gabinete, em primeiro mandato, do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, João Roma, do Republicanos, partido ligado à Igreja Universal.
Câmara dos Deputados deve dar encaminhando ao problema criado pelo deputado Daniel Silveira logo de manhã e provavelmente deverá encaminhar o caso para o Conselho de Ética, quando na verdade poderia instituir uma comissão especial e levar o caso direto para o plenário. O problema é que Arthur Lira quer ganhar tempo enquanto arruma um “ajeito” para livrar o parlamentar da perda do mandato, tanto que a voz corrente na Câmara é de baixar a bola sobre esse episódio que denigre o parlamento brasileiro, a tal ponto que o deputado ao ser preso se vangloriava de ter sido preso quase uma centena de vezes – um exagero certamente – quando era policial militar no Rio de Janeiro, o que fez com que a corporação o indicasse como individuo de “mau comportamento” e de “incompatibilidade com o serviço policial militar”. Uma boa folha corrida, ao invés de um perfil parlamentar, como se vê.
Foto: Vinicius Loures/Agência Câmara