Home Minas Gerais Tragédia em Brumadinho: Suspeita de adulterar laudos usados em processos de indenização é presa em BH

Tragédia em Brumadinho: Suspeita de adulterar laudos usados em processos de indenização é presa em BH Ela é investigada por fazer parte de um grupo criminoso especializado na falsificação de documentos médicos para processos judiciais.

14 de março de 2025, 17h52 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Uma recepcionista de 28 anos, que trabalhava em uma clínica médica em Belo Horizonte, foi presa nesta quarta-feira (12) sob suspeita de participação em um grupo que falsificava documentos médicos para processos de indenização relacionados ao rompimento da barragem em Brumadinho.

A investigação teve início há 11 meses, após o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) registrar um aumento significativo no número de ações judiciais – aproximadamente 12 mil processos por danos morais contra a mineradora Vale, responsável pelo desastre ocorrido em janeiro de 2019.

Segundo as apurações, a suspeita atuava como secretária e administradora de clínicas médicas, sendo apontada como a responsável pela falsificação de laudos e receitas médicas, utilizando assinaturas de profissionais de saúde sem autorização.

“Ela desempenhava um papel central no esquema, pois mantinha contato com advogados, médicos, psicólogos e também com as pessoas que procuravam a clínica para obter os laudos médicos”, explicou o delegado Magno Machado, chefe da divisão de fraudes da Polícia Civil de Minas Gerais.

De acordo com as investigações, os laudos não eram elaborados a partir de consultas presenciais com psicólogos. Em vez disso, eram preenchidos por meio de formulários enviados por aplicativos de mensagens, posteriormente repassados para as clínicas e assinados por médicos e psicólogos.

O delegado afirmou que novas investigações serão conduzidas para determinar se médicos, psicólogos e advogados também participaram do esquema.

“Precisamos ouvir muitas pessoas para identificar a real participação de cada envolvido e distinguir os profissionais que agiram de forma legítima daqueles que contribuíram para a fraude. O mesmo vale para os escritórios de advocacia envolvidos”, destacou.

Mais de 20 pessoas estão sob investigação por possível envolvimento no esquema. As clínicas operavam em Belo Horizonte, enquanto as supostas vítimas eram de Brumadinho. No entanto, muitas delas não foram, de fato, afetadas pela tragédia, conforme revelado pela apuração.

“Constatamos que muitas das pessoas que entraram com essas ações não perderam familiares no desastre nem sofreram prejuízos financeiros. Algumas sequer moravam na área atingida, mas ingressaram com os processos buscando obter vantagem indevida”, relatou o chefe da divisão de fraudes.

O juiz auxiliar da presidência do TJMG, Marcelo Fioravante, afirmou que ainda não é possível estimar o prejuízo causado aos cofres públicos pelas ações fraudulentas.

“Ainda é cedo para definir valores, mas há processos com pedidos que variam de R$ 10 mil a R$ 100 mil”, informou.

Foto: Reprodução.

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