Home Análise Um balanço do que tem sido as administrações de Bolsonaro e de Romeu Zema tanto em Minas como em Brasília

Um balanço do que tem sido as administrações de Bolsonaro e de Romeu Zema tanto em Minas como em Brasília

30 de dezembro de 2019, 11h20 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Se do ponto de vista da Economia o governo Bolsonaro caminha para o término de seu primeiro ano de mandato com algumas perspectivas positivas, no campo da política ele sofreu derrotas sucessivas tanto no Congresso como no Supremo Tribunal Federal, que é onde sempre terminam as divergências – e ainda bem que é assim, sem que se recorra ao uso da Força. Mas nesse momento o que incomoda mesmo é esse silêncio tanto do presidente Jair Bolsonaro como do seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre o ataque sofrido pelo grupo Porta dos Fundos, na madrugada do Natal.

Tanto um quanto o outro deveriam já ter repudiado esse atentado para que não pairem dúvidas sobre a conduta do governo num episódio tão grave e tão próprio de regimes totalitários e permissivos. E olha que o governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, onde ocorreu o atentado, já repudiou o ato que parece ter sido praticado por um grupo de supostos integralistas, um movimento de direita que parece ganhar alento sob o governo Bolsonaro. Esse silêncio incomoda e pode dar a ideia de que o governo é conivente com o atentado.

Mas eu iniciei dizendo que o governo do presidente Bolsonaro sofreu diversas derrotas políticas nesse seu primeiro ano. Sem falar nas queimadas da Amazônia, cujos efeitos ainda não foram superados, o governo perdeu diversos iniciativas no Congresso, a despeito da aprovação da reforma da Previdência, onde o deputado Rodrigo Maia predominou, junto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, impondo a Sérgio Moro, por exemplo,  a sua pior derrota com a novidade do juiz de garantias – coisa que nem Bolsonaro conseguiu barrar, mesmo que o Congresso tenha que analisar os vetos – como perdeu no Supremo com a volta dos radares móveis nas estradas federais e com a manutenção do DPVAT, perdeu também na decisão de vetar a publicação de balanços e editais nos jornais, além do recuo do próprio presidente que tentou excluir a Folha de São Paulo de um edital de licitação, no que foi entendido como uma retaliação ao jornal que se mantém numa posição crítica ao governo, e ainda derrubou a decisão do presidente de não querer mais fazer novas demarcações indígenas por meio da Funai, além desse rumoroso caso que envolve o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro e seu  fiel escudeiro Fabrício Queiroz, num caso em que prevaleceu a decisão do Supremo de convalidar o compartilhamento de dados do antigo Coaf com o Ministério Público sem necessidade de autorização judicial, derrubando até mesmo uma decisão unilateral do ministro Dias Toffoli, presidente da Corte. Para se defender das críticas que tem recebido sobre a manutenção do juiz de garantias, Bolsonaro disse pelo tuíter que deixará a vida pública se sua decisão prejudicar alguém, no que parece ser mais uma frase de efeito do que propriamente um propósito.

Já em Minas o governo Zema vai tocando a sua rotina, sem maiores solavancos mas também sem conseguir resolver a questão financeira que herdou de governos anteriores, purgando ainda com essa questão do decimo terceiro salário, em que pagou uma parte às forças de segurança, mas deixou o restante do funcionalismo sem dinheiro para as compras de Natal, além de sofrer algumas derrotas impostas pela Assembleia Legislativa, como no caso da reforma administrativa que não conseguiu concluir.

A rigor, Zema mais patinou do que andou nesse primeiro ano e parte agora para o segundo tempo com graves desafios, entre eles a decisão de vender alguns ativos valiosos como a Cemig e a Codemig, quem sabe a Copasa, como se aqui em Minas tudo estivesse em liquidação – a começar pelo ato inaugural de entregar o Palácio das Mangabeiras -onde Getúlio Vargas passou horas de insônia, andando de um lado para o outro, poucos dias antes de cometer o suicídio, em 1954, – à iniciativa privada como demonstração de que essas coisas mais oneram do que integram parte da história de Minas Gerais. Ao que se imagina o ano de 2020 parece ser o grande desafio para a administração Zema à frente dos destinos de Minas. Que tanto Zema como Bolsonaro consigam superar essas dificuldades para felicidade do povo, em nome de quem eles governam.

Foto: Reprodução/Internet

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