Home Política Um dia após discursar em ato que pedia intervenção militar, Bolsonaro defende Supremo e Congresso ‘abertos e transparentes’

Um dia após discursar em ato que pedia intervenção militar, Bolsonaro defende Supremo e Congresso ‘abertos e transparentes’ Presidente disse que pedidos antidemocráticos e ilegais no ato foram feito por manifestantes 'infiltrados'. Ao falar de coronavírus, ele afirmou que 70% dos brasileiros serão infectados.

20 de abril de 2020, 14h41 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por G1

Um dia após discursar em ato que pedia intervenção militar, o presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta segunda-feira (20) o Supremo e o Congresso “abertos e transparentes”.

Bolsonaro deu a declaração na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada. Ele parou para falar com jornalistas sobre temas como a crise do coronavírus e a participação dele no ato deste domingo.

Nesse momento, um dos apoiadores do presidente que acompanhavam a movimentação na portaria do palácio gritou uma frase a favor do fechamento do Supremo. Bolsonaro advertiu o apoiador:

“Sem essa conversa de fechar. Aqui não tem que fechar nada, dá licença aí. Aqui é democracia, aqui é respeito à Constituição brasileira. E aqui é minha casa, é a tua casa. Então, peço por favor que não se fale isso aqui. Supremo aberto, transparente. Congresso aberto, transparente”, afirmou Bolsonaro.

O presidente afirmou ainda que a pauta do ato do domingo era a volta ao trabalho e a ida do povo para a rua. Bolsonaro defende o relaxamento das medidas de isolamento social contra o coronavírus.

“O povo na rua, dia do Exército, volta ao trabalho. É isso”, disse.

Clique aqui e veja o vídeo.

Para Bolsonaro, os cartazes no ato com dizeres contra a democracia, o Congresso e o Supremo eram de autoria de “infiltrados”.

“Em todo e qualquer movimento tem infiltrado, tem gente que tem a sua liberdade de expressão. Respeite a liberdade de expressão. Pegue o meu discurso, dá dois minutos, não falei nada contra qualquer outro poder, muito pelo contrário. Queremos voltar ao trabalho, o povo quer isso. Estavam lá saudando o Exército brasileiro. É isso, mais nada. Fora isso, é invencionice, é tentativa de incendiar uma nação que ainda está dentro da normalidade”, disse o presidente.

No ato do domingo, manifestantes gritavam frases como: “Fora, Maia” (em referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); “AI-5”; “Fecha o Congresso”; “Fecha o STF”. Essas são palavras de ordem ilegais, inconstitucionais e contrárias à democracia.

O Ato Institucional número 5 (AI-5) vigorou durante dez anos (de 1968 a 1978), no período da ditadura militar, e foi usado para punir opositores ao regime e cassar parlamentares.

O presidente afirmou também que não esta conspirando contra nenhum poder. “O pessoal geralmente conspira para chegar ao poder. Eu já estou no poder. Eu já sou presidente da República […] Eu estou conspirando contra quem, meu Deus do céu? Falta um pouco de inteligência para aqueles que me acusam de ser ditatorial. O que eu tomei de providência contra a imprensa? Contra a liberdade de expressão?”, questionou.

Em seguida, ainda na fala para os jornalistas, o presidente afirmou que “eu sou realmente a Constituição”.

“Eu inclusive sou contra as prisões administrativas [em razão das regras de isolamento social] que estão acontecendo pelo Brasil. Prendendo mulher de biquíni na praia do Recreio, prendendo em Araraquara a mulher em praça pública sozinha. Prendendo lá na praia de Boa Viagem um aposentado da Aeronáutica. Eu sou realmente a Constituição”, afirmou.

Ato do domingo

Para os manifestantes, no domingo, Bolsonaro disse:

“Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder.”

Os manifestantes e Bolsonaro, que discursou no meio deles, contrariaram as orientações das autoridades sanitárias, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), de que sejam evitadas aglomerações para conter o avanço do coronavírus. Bolsonaro não usava máscara, assim como a maioria dos manifestantes.

Coronavírus

Na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a minimizar as mortes causadas pelo coronavírus. “Aproximadamente 70% da população vai ser infectada , não adianta querer correr disso, é uma verdade. Estão com medo da verdade?”, disse.

Até a manhã desta segunda-feira (20), o Brasil já havia registrado oficialmente 39.144 casos de pessoas infectadas por coronavírus e 2.484 mortes.

Bolsonaro também disse esperar que esta seja a última semana com medidas de isolamento mais restritivas no país.

“Espero que esta seja a última semana dessa quarentena, dessa maneira de combater o vírus, todo mundo em casa. A massa não tem como ficar em casa, porque a geladeira está vazia”, completou.

Foto: Adriano Machado / Reuters

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