Por Metrópoles
Além da predileção por dinheiro vivo para fazer depósitos, o ex-presidente Jair Bolsonaro adotava outro meio financeiro pouco usual: um estoque de moedas de nióbio usadas por seus ajudantes de ordens.
As mensagens do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, analisadas pela Polícia Federal (PF), mostram que o grupo da ajudância de ordens era usado para controlar um inventário dessas moedas, cujo valor é desconhecido.
O ajudante de ordens Osmar Crivelatti fez uma dessas atualizações em 25 de fevereiro de 2021. “Inventário das moedas do PR: 16 amarelas, 20 prata e 21 azuis”. Dois minutos depois, o coronel Cid responde apenas “OK”.
Em 18 de março do mesmo ano, vem outra contagem, dessa vez feita pelo tenente Alencar. “Saldo das moedas de nióbio: Restando 16 amarelas, 19 pratas e 19 azuis”. O destino da moeda de prata e das duas azuis faltantes é desconhecido, assim como seu valor.
O saldo diminui ainda mais em 9 de junho. “Moedas nióbio restantes: 16 azuis, 16 pratas e 13 amarelas”, diz novamente Alencar.
Bolsonaro exibiu algumas vezes essas moedas como um símbolo nacionalista. Em setembro de 2020, apareceu ganhando uma moeda de nióbio de presente de Bento Albuquerque, seu ministro de Minas e Energia.
Em junho de 2019, o então presidente mostrou uma moeda de nióbio em uma live. Durante a campanha de 2018, Bolsonaro costumava exaltar a extração de nióbio como uma atividade em que o Brasil teria potencial.
É difícil avaliar o valor das moedas, já que isso depende da quantidade de nióbio e das características delas. Há moedas comemorativas de nióbio que custavam até R$ 3 mil no Mercado Livre; outras custam menos de R$ 1 mil.
Tampouco há qualquer explicação sobre a origem dos bens que permita saber se tratam de presentes ou de patrimônio pessoal do ex-presidente.
A coluna questionou a assessoria do ex-presidente sobre o valor dessas moedas, sua origem e para que eram utilizadas, mas não obteve resposta até o momento.
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