Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br
Não poderia ter sido de tão mau gosto o debate propiciado pela Rede Globo, na noite/madrugada dessa quinta-feira. Foi um show de horrores, a começar pela participação do chamado “padre de festa junina”, uma figura estranha chamado comumente de padre Kelmon (PTB), na verdade uma facção de Roberto Jefferson, impedido de ser o candidato à Presidência da República. Ele funcionou como linha auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (PL), tanto que, ambos, foram vistos cochichando antes do debate – que na verdade não houve.
Ora, tudo começou com uma série de baixarias entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT), que não tiveram nenhum tête-à-tête, mas que acabaram se atacando por vias transversas e chamados de mentirosos. Bolsonaro chamou Lula de ex-presidiário, e Lula revidou no mesmo tom, acusando Bolsonaro de espalhar mentiras.
Foi nesse primeiro bloco que os dois usaram e abusaram do pedido de direito de resposta, sobretudo quando Bolsonaro o acusou, sem um embate direto, de haver contribuído para a morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. Lula se irritou e chamou Bolsonaro, por um direito de resposta, de mentiroso e que Bolsonaro tinha uma filha de 10 anos que devia estar vendo o debate. Por mais de uma vez, Lula pediu que os debatedores pudessem apresentar programas de governo para o país – em vão.
Quem também chamou a atenção nesse bloco seguinte foi a senadora Soraya Thronicke (União Brasil) que puxou uma discussão com o “padre” Kelmon, a quem chamou de padre de festa junina e cabo eleitoral de Bolsonaro. Kelmon provocou uma irritação em Lula, que o chamou de “impostor” e “safado”.
Enfim, foi um debate de mau-gosto, com troca de ofensas, ficando à vista a dobradinha entre Bolsonaro e o tal padre Kelmon, de forma que participaram da sabatina Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke e o suposto padre Kelmon.
Soraya, por sinal, não teve pelo menos um momento de sorte ao ser sorteada para um debate com Bolsonaro. O presidente acabou mostrando que ela se transformou em inimiga dele porque na presidência ele recusou-se a nomear vários indicados de Soraya para alguns cargos no governo, com o que ela concordou. Mas o que se esperava, realmente, não aconteceu: um bate-boca entre Lula e Bolsonaro, olho no olho, o que acabou, pelas regras estabelecidas, não acontecendo.
Mas ambos estiveram no fogo durante os pedidos de direito de resposta, o que até atrasou a primeira parte do programa. Em suma, pode até ser que se aproveite alguma coisa desse debate, principalmente quem sabe o arranca-rabo entre Lula e o “padre” Kelmon – que ninguém sabe a que igreja pertence –, em que o ex-presidente chegou a perder um pouco as estribeiras, mas não deixou de dar respostas à altura ao “padre de festa junina”.
Foto: divulgação