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Vale compra condomínio de luxo na Grande BH após problemas – quem deve não treme mas faz tremer. provocados por mina Moradores de mansões no Condomínio Jardim Monte Verde começaram a observar rachaduras nos imóveis por proximidade de minas da Vale

25 de janeiro de 2022, 14h07 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Itatiaia

A mineradora Vale comprou todas as casas e lotes de um condomínio de luxo em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, depois que um estudo geológico feito no local classificou o empreendimento imobiliário como “área de risco” devido a proximidade de barragens. A perícia foi realizada após trincas e rachaduras surgirem em vários imóveis e detectou instabilidade nas construções por conta da atividade de mineração nas imediações.

As mais de 30 casas e 51 lotes do condomínio teriam custado à mineradora mais de R$ 100 milhões, conforme levantamento feito pela reportagem tomando como base anúncios de venda de mansões do condomínio. A empresa não informou o valor oficial da negociação. Além de adquirir os imóveis, a Vale também pagou indenizações aos moradores por danos no processo.

O Condomínio Jardim Monte Verde, localizado às margens da BR-040, sentido Belo Horizonte, é vizinho da mina Mar Azul e fica muito próximo das barragens B6/B7 da estrutura. Uma outra mina, a Capão Xavier, fica do outro lado da rodovia. O local conta com 51 lotes e infraestrutura com clube particular, quadras de vôlei e futebol, centro de convivência e parque infantil.

A Vale confirmou que fez uma proposta aos condôminos, em 2020, para reparação da área, “incluindo a aquisição dos imóveis e indenização às famílias”. A reportagem perguntou qual o valor pago pela mineradora aos moradores, mas não obteve resposta.

Em nota, a mineradora disse, ainda, que um estudo técnico feito por uma empresa terceirizada “constatou interferências da operação da mina Capão Xavier em área do condomínio Jardim Monte Verde, em Nova Lima (MG).”

“De acordo com a pesquisa, a geologia do terreno é mais suscetível a deformações do solo”, disse a Vale.

A reportagem apurou que quatro famílias ainda vivem no condomínio, mas já negociaram seus imóveis com a mineradora e estão em processo de mudança.

Casas de luxo

A reportagem identificou que, até pouco tempo, uma corretora de imóveis especializada em condomínios de luxo na região, negociava a venda de uma casa avaliada em R$ 1,8 milhão no condomínio. O imóvel possui cinco quartos, três banheiros e quatro vagas de garagem, piscina, sauna, churrasqueira, salão de jogos e de ginástica distribuídos em uma área construída de 570 m². Cada lote tem cerca de 2.000 m².

Abordado sobre o valor e as características do imóvel, o corretor afirmou que o anúncio seria desativado já que a Vale havia adquirido o condomínio.

Uma ex-moradora, que não quis se identificar, disse que a maioria das casas do condomínio são ainda mais valiosas do que a encontrada pela reportagem. Segundo ela, moradores ficaram com medo quando as rachaduras começaram a aparecer em suas casas.

A reportagem apurou, também, que a Vale deve compensar a Prefeitura de Nova Lima, já que as ruas internas do condomínio são públicas, ou seja, pertencem ao município.

Barragem em risco

O Complexo da Mina de Mar Azul conta com uma série de barragens. A mais próxima ao condomínio Jardim Monte Verde é a B6/B7. Aproximadamente 500 metros de distância do local está a barragem B3/B4, uma das três estruturas que está em nível 3 de emergência desde 2019, em estado de “rompimento iminente”. A Vale anunciou um plano para descomissionar a barragem e retirou de suas casas cerca de 200 moradores que viviam na Zona de Autossalvamento (ZAS), ou seja, nas imediações da barragem e poderia ser atingidos em caso de rompimento.

Do outro lado da rodovia, está a mina Capão Xavier, que entrou em operação em junho de 2004 e pertencia às Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), adquirida pela Vale em 2007. A jazida é estimada em 173 milhões de toneladas de ferro de alto teor.

Foto: Lucas Ragazzi/Itatiaia

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