Por G1
O valor destinado pelo Congresso à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) por meio de emendas do chamado “orçamento secreto” dobrou, nas últimas semanas, após pedido de lideranças partidárias.
A Codevasf é comandada por integrantes do Centrão – grupo de partidos que atualmente dá sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional e alvo de uma operação da Polícia Federal nesta semana (leia mais abaixo), a estatal é responsável por obras e serviços em estados do Nordeste, do Norte e no Distrito Federal.
Inicialmente, o Orçamento de 2022 previa R$ 610 milhões em emendas de relator para a Codevasf. Esse valor passou para R$ 1,2 bilhão com o novo acordo. No total, a Codevasf tem orçamento de R$ 2,7 bilhões em 2022.
O relator do Orçamento de 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), afirmou ao g1 que o acréscimo foi pedido por lideranças partidárias e autorizado por uma portaria publicada pelo Ministério da Economia.
Operação Odoacro
Nesta quarta (20), a Polícia Federal deflagrou uma operação para desarticular uma associação criminosa suspeita de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo verbas federais em contratos com a Codevasf no Maranhão.
A principal empresa apontada no esquema é a Construservice. Na prática, segundo a PF, os criminosos criam empresas de fachada e simulam competições durante as licitações, mas com o real propósito de fazer com que a empresa vencedora seja sempre a mesma.
A estatal recebeu R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares entre 2018 a 2021. A Construservice, do Maranhão, é a segunda empresa que mais firmou contratos com a Codevasf no governo Bolsonaro. Já são R$ 140 milhões já empenhados.
A Construservice já foi alvo de uma operação da Polícia Civil, em 2015, por um envolvimento em um esquema que, segundo as investigações, desviou R$ 100 milhões de 42 prefeituras do Maranhão.
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