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‘Vamos ter de construir alianças’, diz Lula em meio a impasse com Kalil Pré-candidato a presidente discursou para apoiadores em BH e, antes, se reuniu com líderes partidários; hoje, parte para Contagem

10 de maio de 2022, 10h23 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por Estado de Minas

Pré-candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpriu ontem, em Belo Horizonte, o primeiro de três dias de agenda por Minas Gerais. À noite, em ato com líderes de partidos aliados, ele disse que será preciso “construir alianças” no estado. A fala ocorre em meio ao impasse sobre eventual apoio à pré-candidatura de Alexandre Kalil (PSD). Reginaldo Lopes, o pré-candidato petista ao Senado, adotou tom ameno no evento e entregou a decisão sobre seu futuro político às mãos de Lula, mas recebeu uma “bênção pública” de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.

“Voltarei muitas vezes a Minas Gerais. Temos que fazer muitas conversas aqui. Há muitas coisas a serem acertadas. Vamos ter que construir algumas alianças no estado”, disse. Mais cedo, Lula se reuniu, em um hotel da Região Centro-Sul, com lideranças mineiras de PSB, PCdoB, PSOL, PV, Rede e Solidariedade, que já aderiram à coalizão petista.

A fala foi interpretada por interlocutores ouvidos pelo Estado de Minas como uma espécie de “senha” que pode indicar os caminhos do PT no estado. Neste momento, porém, apesar da preferência por Kalil, os rumos são incertos. Há quem aponte a possibilidade de o líder petista se encontrar com o ex-prefeito de BH em breve — se não na capital, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, para onde a comitiva vermelha segue amanhã. Hoje, as atividades serão em Contagem, na Região Metropolitana.

Lula já manifestou publicamente o desejo de atrair Kalil, mas a união esbarra na disputa pelo Senado, onde há Reginaldo Lopes e Alexandre Silveira, presidente do PSD em Minas e pré-candidato à reeleição no Congresso. “Há um entendimento, da maioria do partido, de que o melhor nome para disputar o governo é o ex-prefeito de BH. Vamos manter a posição majoritária de buscar entendimento com Kalil. Nossa compreensão é de que é possível, sim, haver dois candidatos ao Senado”, assegurou o deputado federal Odair Cunha (PT-MG).

Em que pese a situação, há opções sendo oferecidas para abrigar Lula caso o pessedista não consiga desatar os nós impostos pela preferência de parte do seu partido por Bolsonaro e, também, se o imbróglio sobre o Senado não tiver fim. Ministro da Saúde em parte do primeiro governo petista, Saraiva Felipe (PSB) tenta emplacar sua pré-candidatura ao governo. Ele esteve na reunião partidária ocorrida entre o fim da manhã e o início da tarde.

Segundo o socialista, o impasse em torno de Kalil pode abrir espaço na disputa. “O certo é que não se arredondou um acordo [PT-Kalil]. Fica uma disputa, um ‘estica e puxa’. Isso abre caminho para que se consolide – não apenas no PSB – um outro grupo para formular propostas para um governo em Minas”, considerou.

Em março, o presidente do PSB, Vilson da Fetaemg, mesmo partido de Geraldo Alckmin, candiddato a vice na chapa encabeçada por Lula, projetou sua agremiação caminhando ao lado de Kalil. Saraiva, embora tenha o apoio de figuras da “velha-guarda” pessedista, como o ex-deputado Mário Assad, sabe que precisa convencer os correligionários antes de costurar alianças. “Estamos em negociações. Para se chegar a uma candidatura, temos que ter unidade do partido em Minas e [no plano] nacional. Mas está caminhando bem. É uma possibilidade”.

Outro nome aventado por uma ala do PT é o de Dinis Pinheiro, tido como principal quadro do Solidariedade em Minas. Ex-presidente da Assembleia Legislativa, ele também bateu ponto na primeira atividade de Lula em BH. “É bom rever os amigos, conversar e bater papo. Vim mais para ouvir”, tergiversou. Apesar da especulação, há petistas que não veem a possibilidade de uma costura em torno de Dinis vingar.

O ex-governador Fernando Pimentel, por sua vez, voltou a defender um acordo entre o PT e o ex-presidente do Atlético. “Kalil é um candidato extremamente competitivo em Minas Gerais. O Lula já falou sobre isso. Kalil precisa de nós e nós precisamos dele. Tem tudo para tudo dar certo”. Para Pimentel, ainda há tempo para avançar nas tratativas. “A vinda de Lula tem, também, esse objetivo: consolidar e ampliar as alianças.

Reginaldo ganha ‘bênção’ pública

O evento serviu, também, para dar força à pré-candidatura de Reginaldo Lopes. Em meio aos impasses, ele adotou tom ameno e, ao contrário de vezes anteriores, não falou textualmente que será postulante ao Senado. “Se o senhor [Lula] compreender que nossa pré-candidatura ao senado vem para contribuir, garantir a vitória e o melhor palanque para o senhor, me coloco à disposição”, falou.

Chamado de “senador” pela militância que participou do ato, Reginaldo ganhou aval público da deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, para ir em busca de assento na Câmara Alta do Congresso Nacional. “Não tenho dúvidas da sua capacidade, da sua liderança e do seu compromisso — não só com Minas, mas com o Brasil”.

Em meio à disputa com Alexandre Silveira, que pode inviabilizar a aliança Kalil-Lula, uma das ideias em pauta é uma espécie de apoio informal do ex-presidente ao ex-prefeito belo-horizontino. Odair Cunha crê que será possível acomodar as pretensões de todos. “Nossa compreensão é de que é possível, sim, haver dois candidatos ao Senado”.

Na semana passada, porém, Alexandre Silveira seguiu caminho diferente ao tratar do tema coligação. “Há 60 dias ouço o PT falando do PSD, mas não vi ninguém do PSD tratando com o PT sobre uma coligação. Para ficar claro na sociedade, priorizamos o crescimento interno partidário. E só definiremos agora com quem caminharemos e de que forma caminharemos”. A presença de Lula no Expominas foi marcada, ainda, por tumulto do lado de fora. Um advogado bolsonarista acusou petistas de tê-lo agredido.

Lula projeta ‘trabalho’ para vencer eleição

Ao longo do discurso, Lula afirmou que os dias de Jair Bolsonaro (PL) no governo federal “estão contados” e chamou o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) de “facínora”. Além de criticar rivais, Lula pediu apoio da militância na busca pelo terceiro mandato presidencial.

“Para ganhar as eleições, temos de trabalhar e visitar cada rua, loja, agência bancária, porta de fábrica, estação de trem e ponto de ônibus. Precisamos ficar nas ruas para conversar com as pessoas, porque nosso adversário mente sete vezes por dia. Ele é o rei da fake news; o rei da mentira”, afirmou. Depois, adotou tom direto: “Bolsonaro, seus dias estão contados. Não adianta discurso de urna. O que você tem, na verdade, é medo de perder a eleição e ser preso”.

A coalizão formada por sete siglas é entendida como primeiro passo para viabilizar a “união” pedida por Lula ao longo de seu discurso. “Outros partidos e segmentos sociais vão nos apoiar. Milhões de brasileiros farão parte desse cordão”, projetou o ex-deputado federal Wadson Ribeiro, que preside o PCdoB em Minas. “É a primeira vez que a gente vê tantos partidos progressistas tão próximos e unidos”, corroborou Osvander Valadão, líder do diretório estadual do PV.

O presidente do PSOL, Cacau Pereira, criticou a profusão de homens brancos com a palavra. Por isso, repassou a intervenção de seu partido à colega Iza Lourença, mulher negra e vereadora de BH. Ela lembrou que Lula precisa atuar em prol da resolução da execução de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, em 2018. “Não existe democracia no Brasil enquanto as mulheres negras continuarem sofrendo violência política”, pontuou.

O “Beabá da Política”

A série Beabá da Política reuniu as principais dúvidas sobre eleições em 22 vídeos e reportagens que respondem essas perguntas de forma direta e fácil de entender. Uma demanda cada vez maior, principalmente entre o eleitorado brasileiro mais jovem. As reportagens estão disponíveis no site do Estado de Minas e no Portal Uai e os vídeos em nossos perfis no TikTok, Instagram, Kwai e YouTube.

Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A press

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