Em Reunião Especial nesta sexta-feira (5/8/22), o Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) prestará homenagem ao cantor e compositor Vander Lee por sua contribuição à cultura mineira. Foi também num dia 5 de agosto, há seis anos, que o artista veio a falecer em Belo Horizonte, aos 50 anos de idade, após uma cirurgia proveniente de um infarto.
A solenidade será às 10 horas e foi solicitada pelo deputado Betão (PT), em requerimento também assinado por outros 26 parlamentares. Eles ressaltam a carreira de sucesso construída pelo artista, iniciada em meados da década de 1980 com apresentações em bares locais e festivais mineiros.
Vander Lee, pontuam, gravou sua primeira fita demo com quatro músicas em 1986, e em 1987 já fazia shows com seu próprio repertório. Suas canções variam desde o romântico, passando pelo samba, até a balada e rock. Suas letras falam de acontecimentos da vida cotidiana, de amor e de futebol, sempre com um lado romântico.
Nascido em 3 de março de 1966 em Belo Horizonte, Vander Lee logo viria a se tornar referência para inúmeros artistas da MPB, com destaque para o Clube da Esquina, que neste ano completou 50 anos do lançamento do seu primeiro álbum.
Vander Lee ainda gravou com grandes nomes da MPB, como Zeca Baleiro, Elza Soares, Rita Ribeiro, Emilinha Borba, Leila Pinheiro e Nando Reis. Compôs a música “Estrela”, que foi gravada pela cantora Maria Bethânia.
Teve ainda a canção “Onde Deus Possa me Ouvir”, um dos hits mais famosos, gravada por Gal Costa. Foi também autor de sucessos como “Românticos”, “Iluminado” e “Esperando Aviões”.
DISCOGRAFIA
O cantor e compositor deixou nove CDs de estúdio e registros ao vivo, além do póstumo Vander Lee Ao Vivo – 20 anos, gravado no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro, no ano de 2016, sendo este o seu terceiro trabalho ao vivo.
Entre outros feitos, foi classificado em segundo lugar, ainda em 1996, no “Festival Canta Minas”, da Rede Globo Minas, participando do CD do festival com a composição de sua autoria intitulada “Gente não é cor”.
Esse foi o impulso necessário para o artista produzir seu primeiro CD independente, ainda como Vanderly. Só a partir do segundo disco passou a usar o nome Vander Lee, trabalho que só circulou em Minas, com várias músicas tendo sido regravadas nos CDs seguintes.
Letras retratavam realidade do povo
“Em momentos como os de hoje, de desmonte da cultura e do avanço da fome, Vander Lee também marcou presença com suas letras de protesto, como a canção `Onde Deus Possa me Ouvir´, que retrata a dura realidade do povo brasileiro”, destaca o deputado Betão.
Para ilustrar, o parlamentar reproduz especialmente um trecho em que a canção diz que “esse gigante em movimento, movido a tijolo e cimento, precisa de arroz com feijão, que tenha comida na mesa, que agradeça sempre a grandeza de cada pedaço de pão”.
O deputado justifica que a homenagem da Assembleia é uma lembrança significativa e urgente, sobretudo na atual conjuntura de desmonte da cultura, que na sua avaliação vem ocorrendo nos governos estadual e federal.
O parlamentar lembra que recentemente o Congresso Nacional barrou os vetos do governo federal às leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo. “Ambas de fomento e reconhecimento àqueles que foram os primeiros a parar e os últimos a voltar com a pandemia de Covid-19, e mesmo assim foi preciso derrubar o veto do presidente”, situa ele.
Vander Lee faleceu na UTI do Hospital Madre Tereza, na Capital, deixando três filhos, Laura, Lucas e Clara, que herdaram dele o talento musical.
Foto: WILLIAN DIAS