O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, negou ser o mandante do assassinato de Marielle Franco e afirmou que o autor dos disparos, o ex-PM Ronnie Lessa, “deve estar querendo proteger alguém” ao delatá-lo à Polícia Federal (PF).
“Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado a Marielle, a Anderson, nem tampouco a Lessa e a Élcio de Queiroz (que participou da emboscada). Jamais estive com eles. Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não irá participar de uma armação dessas, porque tudo que se fala em uma delação tem que ser confirmado”, disse ao Globo.
Brazão considera a suposta delação de Lessa como um “golpe abaixo da cintura” e insta a PF a encontrar evidências que confirmem as acusações.
“Não tem nada mais forte que a verdade. Esse golpe foi abaixo da linha de cintura. É algo que desgasta. Fui investigado pela Polícia Civil, pela PF e pelo Ministério Público. Não acharam nada. Por que protegeriam Domingos Brazão? Que servidor público colocaria em risco sua carreira para me proteger? Eu desafio a acharem algo contra mim”, afirmou.
O conselheiro também disse que ficou “feliz em saber que ele (Lessa) fez a delação, mas ele tem que dizer a verdade”. Brazão ainda afirmou que se Lessa “inventar” um mandante, “só vai piorar a vida dele”.
“A morte de Marielle revelou muita sujeira embaixo do tapete. Agora querem me empurrar para isso. Se tem alguém que foi sabatinado, investigado, esse alguém foi Domingos Brazão. É um desgaste grande. Estou sangrando, mas não tenho medo de investigação”, disse.
“Já passei por muita coisa nessa vida. Não acho que tenha inimigos. Acho que, se Lessa inventar um mandante, só vai piorar a vida dele, porque está aumentando seus crimes. Uma delação com falhas não será homologada, será rejeitada. O STJ é criterioso nisso. Eu sei que estou dormindo bem. Meu sono é o sono dos justos. Não sou santo. Sou político. Tive meus pecados, mas nunca fora da lei”.
Ronnie Lessa, preso desde março de 2019, acusa Domingos Brazão de ser um dos mandantes do atentado que resultou na morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista. O acordo de delação de Lessa com a PF aguarda homologação do STJ devido ao foro privilegiado de Brazão como conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.
Com informações do Diário do Centro do Mundo.
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