Por Metrópoles
Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, divulgou um vídeo em que acusa o deputado de oposição Geraldo Milman, do partido Juntos pela Mudança, de envolvimento no atentado sofrido por ela, em setembro. A política foi alvo de uma tentativa de assassinato com arma de fogo em frente à própria casa, em Buenos Aires.
Kirchner também contestou a atuação da juíza federal que investiga o caso, María Eugenia Capuchetti, sob argumento de que ela rejeitou supostas provas que apontariam o legislador como um dos mandantes do crime.
“Quero compartilhar com vocês o seguinte vídeo. Como resultado dos eventos que vocês vão ver e ouvir, dei instruções aos meus advogados para contestar a juíza María Eugenia Capuchetti”, postou a vice-presidente na legenda.
As imagens mostram, sob a locução da jornalista argentina Julia Mengolini, supostas circunstâncias ligadas ao caso.
Veja o vídeo:
Quiero compartir con ustedes el siguiente video. A raíz de los hechos que van a ver y escuchar, he instruido a mis abogados a recusar a la jueza María Eugenia Capuchetti. pic.twitter.com/LiLka92Mm3
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) November 10, 2022
Segundo vídeo, dias após a tentativa de assassinato, uma testemunha teria ido ao tribunal para prestar informações.
“Ela afirmou que dois dias antes do ataque, no bar Casablanca, na esquina do Congresso Nacional, ouviu o deputado Gerardo Milman dizer, junto a duas mulheres que o acompanhavam, o seguinte: ‘Quando a matarem, vou estar a caminho do litoral’”, descreveu.
A interpretação de Kirchner
Conforme a interpretação feita pela vice-presidente, os depoimentos da testemunha teriam sido verificados judicialmente porque a pessoa de fato estava naquele dia no local e na hora que indicou. Milman, por sua vez, estaria no mesmo bar na data, e no dia seguinte teria viajado para o Costa Atlântica.
A locução questiona a atuação da juíza ao afirmar que o deputado “ainda não foi intimado a depor sobre o ocorrido”.
O vídeo também inclui supostas imagens de câmaras de segurança em que o parlamentar estaria entrando e saindo do bar. Além disso, a publicação informa que ele apresentou um projeto de declaração alertando para a possibilidade de um ataque, 13 dias antes da tentativa de assassinato de Kirchner.
“Milman apresentou um rascunho de declaração alertando que uma pessoa esclarecida poderia realizar um possível ataque à figura de Cristina”, diz.
Em entrevista ao El Clarín, o advogado da vice-presidente José Manuel Ubeira informou que vai tomar providências sobre as acusações na Justiça e que considera, depois de esgotadas “as instâncias nacionais” acionar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, “para investigar o que não teria sido feito na investigação”.
Entenda o caso
A tentativa de assassinato ocorreu na noite de quinta-feira (1º/9), quando Cristina acenava para simpatizantes na frente de sua casa no bairro da Recoleta, em Buenos Aires. Neste momento, o brasileiro Fernando André Sabag Montiel levanta a mão esquerda com a arma, engatilha e tenta disparar o tiro. Cristina, então, se protege com aos mãos em frente ao corpo.
De acordo com o jornal La Nación, fontes da Polícia Federal afirmaram que o armamento estava pronto para disparar, com o carregador cheio. A numeração estava parcialmente apagada. A arma apreendida na Recoleta, bairro onde ocorreu o atentado, teria sido acionada duas vezes, mas o projétil não saiu.
Segundo a Polícia Federal Argentina, o brasileiro Sabag Montiel tem 35 anos, e foi detido. Ele é apontado pela polícia como o autor da tentativa de disparo. A namorada dele também foi presa.
Foto: Gustavo Garello/Getty Images