Por O Tempo
O primeiro dia de abertura do comércio após três semanas com as portas fechadas foi de lojas vazias e ruas menos movimentadas que o normal nas regiões Centro e Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (1°). Comerciantes reclamam de perdas ocorridas durante a quarentena, torcem para que não tenha uma nova fase de restrições e esperam por ajuda da prefeitura. O município informou que prorrogou a data de pagamento de taxas e avalia extinguir e simplificar alguns dos quase cem tributos cobrados dos empresários.
Cerca de 20 mil pessoas perderam o emprego no comércio da capital mineira desde o início da pandemia, segundo o Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH).
Na esquina da rua Tupinambás com a avenida Afonso Pena, a proprietária de uma loja de roupas, Flávia Silva estava à espera de clientes. “O sentimento é de revolta e, ao mesmo tempo, de esperança. Falo como cidadã e comerciante. A gente percebe que em quase 100% dos casos o comércio não gera aglomeração. Por outro lado, você gera desemprego. Muitas lojas que não tinham fechado, fecharam, como essa aqui do lado que funcionou durante 12 anos”, lamenta.
Na rua Curitiba, a gerente de uma loja de vestuário, Dora Ferraz, descreve como tem sido o cenário no centro da cidade. “A gente espera alcançar as metas e recuperar um pouco do que perdemos. Esperamos também um incentivo da Prefeitura. A gente estava trabalhando pelo WhatsApp, com medo, insegurança, então é torcer para que chegue logo a vacina e acabe com essa situação.
Se no hipercentro as ruas não estavam lotadas, na Savassi o clima era deserto. Raí Pereira, gerente de uma loja na praça Diogo de Vasconcelos, é testemunha da diferença de movimento em relação ao período anterior à pandemia.
“O movimento não é mais o mesmo desde o primeiro fechamento. Minha expectativa é que não feche de novo porque o ano de 2020 as vendas diminuíram, e neste ano começamos com perdas. Acho que a prefeitura deveria ter ajudado os comerciantes antes de fechar. Hoje a praça está muito vazia. Antigamente, neste horário próximo ao almoço o fluxo era bem melhor”, relata Raí.
“A gente tem tentado sobreviver”. Assim a gerente de uma loja de bijuterias, Nathália Barroso, define a situação do comércio na cidade. Ela conta que as vendas online não foram capaz de compensar a queda do movimento na rua Antônio de Albuquerque. “A gente tem outras linhas de venda, mas o tráfego de rua influencia muito no faturamento e é difícil sobreviver nessa incógnita, se abre ou fecha, e com o medo que as pessoas têm de sair de casa”, conta.
Como forma de socorrer os comerciantes, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) adorou algumas medidas. Foram prorrogadas as parcelas de abril a dezembro do IPTU/2020 e as taxas imobiliárias que tinham vencimento em 10 e 20 de maio de 2020, para as empresas que tiveram suspensos os seus Alvarás de Localização e Funcionamento. As datas dos vencimentos dos tributos foram prorrogadas para 30 de dezembro de 2021. Os tributos poderão ser pagos em até seis vezes, até o fim de maio de 2022.
A prefeitura disse ainda que está reavaliando quase uma centena de taxas e preços públicos cobrados na capital nas áreas ambiental, de assistência social, política urbana, parques, jardins e cemitérios. Com esse estudo, a Prefeitura tem o objetivo de simplificar e extinguir algumas dessas cobranças. O resultado desse estudo com a reavaliação das taxas e preços públicos será divulgado na segunda quinzena de fevereiro, segundo o Executivo municipal.
O Sindilojas informou que negocia um aditivo à convenção coletiva de trabalho para ajudar os empresários, como prorrogação da data de pagamento de salários.
Foto: Ramon Bittencourt