Por Itatiaia
A Aeronáutica iniciou, nesta quarta-feira (1º), o controle aéreo da terra indígena Yanomami, em Roraima. A mudança foi anunciada pela Força Aérea Brasileira (FAB) para combater o garimpo ilegal na região., impedindo a logística de abastecimento de atividades criminosas. Até mesmo o abate de aeronaves não autorizadas será avaliado.
Com a implantação de uma Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida) haverá uma área reservada (Área Branca); uma área restrita (Área Amarela); e uma área proibida (Área Vermelha). O Comando da Aeronáutica terá autonomia para a adoção de medidas de controle do espaço aéreo contra todos os tipos de tráfego aéreo suspeitos, conforme previsto no Código Brasileiro de Aeronáutica. Na Área Vermelha, somente estão autorizadas aeronaves militares ou envolvidas na operação.
“As aeronaves que descumprirem as regras estabelecidas nas áreas determinadas pela Força Aérea, estarão sujeitas às Medidas de Proteção do Espaço Aéreo (MPEA)”, disse a Aeronáutica, por meio de nota.
De acordo com o texto, a FAB planeja, ainda, a instalação de um radar modelo TPS-B34, que pode ser aerotransportado de Santa Maria (RS), com o objetivo de aumentar a capacidade de defesa aérea, reforçando assim, o poder de detecção e controle. As aeronaves radar E-99 e R-99 já estão na região e o alerta da Defesa Aérea de Boa Vista foi reforçado.
Mortes e fome entre Yanomamis
O povo Yanomami vive crise humanitária, com registros de mortes de crianças por desnutrição grave, falta de assistência médica e fome generalizada na Terra Indígena. Na segunda-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou que o garimpo ilegal precisa ser combatido na região.
Na semana passada, o governo federal revelou que 99 menores de cinco anos morreram em 2022 na Terra Indígena Yanomami por desnutrição, pneumonia e malária, entre outras causas.
Depois que, durante uma visita, autoridades encontraram vários casos de menores desta etnia com desnutrição grave, infecções respiratórias e outras complicações, o governo federal decretou a emergência sanitária na maior reserva indígena do país.
Na terça-feira (1º), a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil classificou a tragédia humanitária como “genocídio”. A CNBB pede que os cristãos manifestem “santa indignação” contra as mortes dos indígenas por doenças e falta de alimentação e pede que sejam apontados os responsáveis para que a justiça prevaleça. “(Que) o genocídio dos Yanomamis seja capítulo nunca esquecido na história do Brasil, para que não se repita crime semelhante contra a vida de nossos irmãos.”
No relatório “Violência contra os Povos Indígenas”, o Conselho Indigenista Missionário, ligado à CNBB, apontou que a quantidade de casos de violência contra povos indígenas em 2021 foi quase três vezes maior do que a registrada em 2018. Foram 305 ocorrências, atingindo pelo menos 226 terras indígenas em 22 Estados do país. Em 2018, anterior ao governo de Jair Bolsonaro (PL), foram contabilizados 109 casos em 86 terras indígenas de 17 Estados.
Foto: Divulgação/FAB