Por Hoje em dia / Blog do Lindenberg
Uma coisa é certa e relevante: Cristiano Zanin é o novo ministro do Supremo Tribunal Federal. A aprovação do ex-advogado do presidente Luiz Inácio da Silva é emblemática não apenas porque ele foi advogado de Lula, mas sobretudo por que ele prometeu guiar-se pela Constituição “sem qualquer tipo de subordinação a quem quer que seja”.
Foi uma vitória de Zanin, mas também de Lula, que o indicou sob pesada críticas dos adversários, sobretudo do senador Sérgio Moro, de quem Lula é desafeto – uma decisão afinal cheia de simbolismos, até porque Lula passou mais de 500 dias preso, em junho de 2019, e acabou defenestrado da eleição por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, para acabar, anos depois, eleito presidente da República e seu ex-adversário, Jair Bolsonaro, amargando a possibilidade, nem tão remota assim, de perder os direitos políticos e de se tornar inelegível por no mínimo oito anos.
Há quem não acredite nessa hipótese, como o ex-assessor de Comunicação de Bolsonaro, Fábio Wajngarten. Assim como outros. Um depoimento insuspeito, no entanto, é o de Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, preso com a namorada em flagrante no próprio dia 8 de janeiro, horas após participar da invasão dos Três Poderes. Ele teria sido convidado a derrubar uma das pontes de Brasília, incendiar carros e até a estação de energia elétrica de Brasília. Disse mais: que Alan Diego dos Santos Rodrigues, que colocou a bomba no aeroporto de Brasília, estava numa dessas reuniões. Ora, se nada disso é superveniente, nada mais é. E aí é preferível não cansar o leitor com tanta chorumela – ou mimimi como dizia o ex-presidente da República, no momento em que faltava oxigênio em Manaus ou quando imitava alguém sem fôlego ou até mesmo quando dizia que não era “coveiro”, numa das cenas mais patéticas que se pode ouvir de um mandatário.
Mas o que está em jogo nem é a eleição de Zanin, com seus simbolismos, mas a acusação que pode tornar Bolsonaro inelegível. O Ministério Púbico, por exemplo, defende a condenação de Bolsonaro no TSE por ataques ao processo eleitoral, numa votação que foi suspensa, mas que voltará na terça-feira.
No primeiro dia de julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, o Ministério Público Federal defendeu a condenação do ex-presidente ao sustentar que estaria demonstrado o abuso do poder político e o uso indevido dos meios de comunicação promovida com embaixadores, em julho do ano passado, no Palácio da Alvorada.
Já a defesa de Bolsonaro alega que foi um “diálogo institucional”. Ou seja, há quitutes para todos os gostos, mas dificilmente o ex-presidente Jair Bolsonaro sairá impune dessa contenda, até porque as provas contra ele são graves.
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