O governador Romeu Zema não tem dado sorte ultimamente. E sorte, no caso, pode ser traduzido pelo que disse o ex-governador Milton Campos, ao saber que os ferroviários da Viação Oeste de Minas estavam em greve. Milton, preocupado, mas ponderado, respondeu ao saber da notícia em que o chefe da polícia recomendava o envio de uma tropa de choque para desmantelar o levante: – Não seria melhor mandar o trem pagador? respondeu o governador que, no seu discurso inaugural, disse que o seu governo seria menos dos homens do que da lei.
Zema tomou hoje um baile da Assembleia Legislativa ao querer que o seu governo deve ser mais da lei do que dos homens. Por desconhecer o Legislativo, a Assembleia fez com que o governador, ao invés de dar só 10 por cento de reajuste a parte de seu funcionalismo, passou o aumento para 10,6 por cento e retroativo a janeiro, ao contrário do que pretendia Zema, que fosse partir de primeiro de maio.
Hoje em Uberlândia, onde participa de uma feira de agronegócio, foi a Polícia Militar que deu a Zema a versão de que o governo pode ser mais dos homens do que da lei: uma tropa da Polícia Militar expulsou professores que, em greve, promoviam uma manifestação de protesto contra o governo. Nos dois casos, vê-se que o governador Romeu Zema não está no tempo do austero, mas liberal Milton Campos: falta-lhe entendimento político com a Assembleia, a cujos deputados acusa de não votarem e prefere a tropa da PM no diálogo com os professores, em Uberlândia, como se vê no vídeo abaixo.
Veja o vídeo:
E para facilitar as coisas entre os deputados, o governador retirou do regime de urgência a adesão de Minas ao Plano de Recuperação Financeira do governo federal. Um aceno aos deputados que se recusam a votar o Plano do governo Bolsonaro, mas não impediu que as forças de segurança do Estado fizessem, na ausência de Zema, ruidosa manifestação em frente à Cidade Administrativa. Por fim, começaram ontem os entendimentos entre o ex-presidente Lula e o prefeito Alexandre Kalil, num encontro em São Paulo, intermediado pelo ex-secretário de Hélio Garcia, o paciente, mas pragmático Walfrido dos Mares Guia. Esse encontro tem tudo para render frutos, desde que Kalil emplaque o senador Alexandre Silveira como seu candidato – e não necessariamente do PT, que tem outros nomes à espreita – para disputar a única vaga a ser aberta este ano.
Foto: Sérgio Lima/Poder360