Se a eleição para o governo do Estado fosse hoje, o resultado seria assim: o governador Romeu Zema ganharia no interior e o prefeito Alexandre Kalil venceria na capital. E o resultado final daria a vitória ao governador Romeu Zema. Mas a eleição não é hoje e se o prefeito Alexandre Kalil, que se reelegeu com mais de 60 por cento dos votos, ano passado, ficar com os pés plantados em Belo Horizonte – ele vence Zema apenas na região metropolitana – é quase certo que o prefeito perderá a eleição.
Isso significa que Kalil já está derrotado? Não. Até porque ninguém se elege de véspera, ainda mais a essa distância do pleito. Mas duas coisas são certas: Kalil tem de ir para o interior, fazer o que Zema tem feito – onde tem uma vacina o governador chega junto e se deixa fotografar – e assim como acontece com a disputa presidencial aqui também só tem dois nomes: Zema e Kalil. Os outros são apenas figurantes, entre eles o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cujo nome aliás vem sendo lançado por Gilberto Kassab, presidente do PSD, para a presidência da República como um nome que poderia ocupar a sonhada terceira via.
É bem verdade que ao assinar o aclamado acordo da Vale, o governador Romeu Zema ganhou cerca de 11 bilhões de reais para gastar na campanha, isto é, gastar em projetos e não como doação da Vale para a campanha eleitoral, embora é evidente que esse recurso chega em boa hora e reforça o caixa do Estado com obras que alcançam até o norte de Minas, que nada tem a ver com a tragédia de Brumadinho, ainda que alguém diga que, na verdade, todos municípios mineiros sofreram com o crime da Vale – mas como? De tal sorte que a Assembleia Legislativa aprovou projeto oriundo do Executivo que distribui para todos os municípios mineiros um naco correspondente a 1, 5 bi do acordo que, vale repetir – sem trocadilho – chega em boa hora para o governo do Estado, vale dizer, para a campanha de Zema rumo à reeleição.
Em números, se a eleição fosse hoje, Zema estaria reeleito com 46,2 por cento dos votos, Kalil ficaria com 18,8 por cento, Reginaldo Lopes do PT com três por cento, Rodrigo Pacheco (o mesmo PSD de Kalil) com três por cento e os outros com 8,5 por cento, em branco e nulos 9,3 por cento e não sabem ou não responderam ao questionário 10,5 por cento. Por esses números, Zema seria reeleito no primeiro turno. Mas a eleição não é hoje, faltam um ano e dois meses para o pleito, e Kalil é praticamente desconhecido no interior, ao contrário de Romeu Zema, que tem viajado por onde o Estado distribui vacinas contra o coronavírus. Em suma, Kalil precisa se tornar mais conhecido, Zema precisa dizer a que veio – embora até tenha colocado em dia o pagamento do pessoal, com um atraso de quatro anos – e ainda enfrentar o mau humor da Assembleia Legislativa, onde estão vários projetos seus, já que ultimamente o governador tem responsabilizado os deputados de sequer “levantar a bunda da cadeira” para votar. De qualquer forma, pesquisa é um retrato do momento e neste caso Zema seria o favorito, mas não se pode desprezar o poder de reação do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que tem muito chão para andar, até porque seu conhecimento no interior, pelo que mostra o DataTempo, em algumas regiões é praticamente zero e não deixa de pesar contra ele o abre e fecha do comércio de Belo Horizonte em tempos de pandemia, praticamente jogando os lojistas contra o gestor da cidade, ainda que em Minas até hoje, dia 28, nada menos de 50 mil mineiros perderam a vida, muitos porque não respeitaram a regra mínima de isolamento social e outros porque o ritmo de vacinação em Minas Gerais é lento – como de resto em todo o país. Por isso mesmo o deputado Agostinho Patrus decretou luto oficial na Assembleia Legislativa e lamentou a morte dos 50 mil mineiros levados pelo coronavírus.
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