Por Veja
A decisão de Trump de autorizar o início do processo de transição do poder para Joe Biden, admitindo tacitamente a derrota, é má notícia para Jair Bolsonaro, mas era esperada e inevitável.
Muito pior, e inesperada, é a notícia de que John Kerry será o “enviado especial para o clima” do presidente Biden.
Um dos melhores e mais preparados quadros do Partido Democrata, Kerry foi candidato à presidência em 2004 (perdeu para Bush filho por pequena margem) e secretário de Estado (ministro das Relações Exteriores) no segundo mandato de Obama, o que lhe dá não apenas uma visão de mundo privilegiada, mas uma das melhores redes de contatos do planeta.
Kerry, que se dedicou nos últimos anos ao tema das mudanças climáticas, foi um dos arquitetos do Acordo de Paris e terá assento no Conselho de Segurança Nacional — pela primeira vez na história uma autoridade dedicada a sustentabilidade terá essa prerrogativa.
Como se tudo isso não fosse ruim o bastante, a mulher de Kerry, Teresa Simões-Ferreira Heinz Kerry, é moçambicana de ascendência portuguesa: como o próprio Kerry mencionou certa vez, ele “ouve português todo dia”, e terá intérprete particular em casa.
Kerry será um pesadelo permanente para Ernesto Araújo e Jair Bolsonaro.
Foto: Reprodução/Michael Reynolds/EFE