Um dia após o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF0 afirmar à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19 que Jair Bolsonaro (sem partido) apontou a possível participação do líder de seu governo na Câmara dos Deputados em articulações pela importação da vacina Covaxin, o presidente subiu o tom contra os senadores que compõem o comitê. Neste sábado, em Chapecó (SC), ele chamou os parlamentares de “pilantras”.Por Estado de Minas
“Temos uma CPI de sete pilantras que não querem investigar quem recebeu o dinheiro. Apenas quem mandou o dinheiro. Lamentavelmente, o Supremo (Tribunal Federal) decidiu pela CPI. E decidiu, também, que governadores estão desobrigados de comparecer à mesma”, disse, a apoiadores.
Bolsonaro está no interior catarinense para mais um dos passeios de moto com simpatizantes de seu governo.
Luis Miranda é irmão de Luis Ricardo Miranda, funcionário de carreira do departamento de Logística do Ministério de Saúde que alega ter sofrido pressões para acelerar a importação da vacina indiana. Nessa sexta-feira (26/6), o parlamentar contou ter falado com Bolsonaro sobre as articulações incomuns.
Segundo o relato, o presidente apontou possível participação do deputado Ricardo Barros (PP-PR), que lidera a base governista.
As acusações feitas por Bolsonaro neste sábado se somam a uma longa lista de ataques feitos pelo chefe do Palácio do Planalto aos senadores que compõem a CPI. A menção ao STF, por sua vez, ocorre por causa da decisão da Suprema Corte, oficializada na quinta (25), referendando liminar da ministra Rosa Weber para desobrigar a participação de governadores em reuniões do comitê de inquérito.
A coleta de depoimentos dos governantes regionais é bandeira da “tropa de choque” de Bolsonaro na CPI. Eles desejam entender o destino das verbas repassadas pelo governo federal aos estados.
Em Chapecó, o presidente subiu o tom: Querem apurar o quê? No tapetão, não vou levar”.
Apesar de haver aglomeração, o espaço destinado a plateia do pronunciamento de Bolsonaro tinha alguns clarões.
“Não adianta provocarem, inventarem, querer nos caluniar ou nos atacar 24 horas por dia, porque não conseguirão. Só uma coisa me tira de Brasília: o nosso Deus. Não vão ganhar no tapetão ou inventando narrativas”, bradou.
Logo em seguida, o presidente passou a relembrar o fato de não ter tomado medidas restritivas para conter o vírus. Ele citou não ter fechado sequer “um botequim”.
No discurso, o presidente disse que há fraudes “a cada eleição” e, por isso, o voto auditável é necessário.
A cidade já foi utilizada por integrantes do governo federal como “case” de sucesso do ineficaz tratamento precoce para o coronavírus. Planalto e prefeitura local chegaram a afirmar que o município zerou as internações em decorrência da infecção por causa do coquetel que tem remédios como a hidroxicloroquina.
Foto: Isac Nóbrega/PR