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Secretário de Atenção Especializada à Saúde é exonerado após denúncia sobre hospitais federais do RJ Exoneração de Helvécio Magalhães foi publicada nesta terça-feira (19). Reportagem do Fantástico mostrou que dona de empresa entrou em hospital federal em nome do secretário para fazer um estudo, mesmo sem ocupar cargo público.

19 de março de 2024, 11h45 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O governo federal exonerou Helvécio Miranda Magalhães Júnior, que ocupava o cargo de secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde. A portaria com a exoneração foi publicada na madrugada desta terça-feira (19).

Helvécio foi citado em uma reportagem do Fantástico que mostrou a precariedade de atendimento na rede de hospitais federais do Rio de Janeiro, além do envolvimento de apadrinhados políticos em denúncias sobre ineficiência, negligência e corrupção.

Segundo a reportagem, a dona de uma empresa participou de uma reunião em um hospital da Zona Norte do Rio e declarou que havia sido enviada por Helvécio para fazer um estudo sobre o status de conservação da instituição, mesmo sem ocupar cargo público. Leia os detalhes mais abaixo.

O secretário exonerado é médico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele já esteve à frente das secretarias de Saúde e de Planejamento, Orçamento e Informação de Belo Horizonte e foi secretário de Planejamento e Gestão de Minas Gerais.

Helvécio também já presidiu do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde e fez parte da equipe da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde entre 2011 e 2014.

Além de Helvécio, o governo também exonerou o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar do estado do Rio de Janeiro, Alexandre Telles.

Apadrinhamento político

O Fantástico verificou uma lista de denúncias sobre loteamento de cargos públicos em hospitais da rede federal. Esses cargos são disputados por grupos políticos, que indicam nomes para as funções.

Em muitos casos, esses apadrinhados estão sendo investigados por denúncias sobre ineficiência, negligência e corrupção. A reportagem, exibida no domingo (17) mostrou que um dos casos envolve Helvécio Magalhães.

No começo de março deste ano, Grasielle Esposito, dona de uma empresa do ramo da construção civil, usou o nome de Helvécio para entrar no Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Imagens de câmeras de segurança mostram a empresária circulando pela unidade no dia 8 de março.

Uma ata registrou uma declaração de Grasielle dizendo que teria sido enviada ao hospital por Helvécio como consultora, para avaliar as condições da estrutura de energia e tratar da reabertura da emergência da unidade.

A ala está fechada há mais de três anos, justamente pela incapacidade da rede elétrica do hospital de supri-la com segurança.

Já no dia 13 de março, Grasielle voltou ao hospital e participou de uma reunião ao qual o Fantástico teve acesso.

Durante a reunião, a empresária citou novamente Helvécio, dizendo que ele havia pedido para que fosse feito um estudo sobre o status de conservação dos hospitais federais, com ciência da ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Em entrevista, Grasielle negou que ocupe cargo público atualmente. Perguntada sobre a reunião, ela reforçou que não foi como empresa, mas como pessoa física.

Grasielle Esposito já conhecia Helvécio Magalhães. Em 2016, quando ele era secretário de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, nomeou Grasielle para supervisionar a sede administrativa do governo mineiro.

Em nota, Helvécio confirmou que enviou a empresária ao Hospital Federal de Bonsucesso e alegou que ela passava por processo de contratação como consultora da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde.

Segundo ao secretário, a visita ocorreu devido à urgência das condições do hospital. No entanto, ele não respondeu à pergunta sobre a visita ter acontecido sem Grasielle ter qualquer vínculo com o Ministério da Saúde.

Funcionários do hospital denunciaram o caso ao Ministério Público Federal. A ministra da Saúde disse que vai mandar que o fato seja apurado.

Problemas em hospitais

O Fantástico entrou nas seis unidades dos hospitais federais do Rio de Janeiro, referências no atendimento de alta complexidade, como tratamento de câncer, cardiologia e transplantes.

Em muitos setores dos hospitais, há aparelhos médicos quebrados e caixas de materiais vencidos ou danificados — como utensílios cirúrgicos e próteses ortopédicas, cujo valor passa dos R$ 20 milhões.

A responsabilidade sobre quem deixou as próteses e materiais cirúrgicos perderem a validade ainda está sendo investigada.

Outro problema é a rede elétrica, que em muitos pontos está comprometida, colocando em risco a segurança de pacientes e funcionários.

No Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, um laudo da empresa responsável pela manutenção da rede já apontava, em maio do ano passado, a situação crítica, com cabos subdimensionados e superaquecidos, aumentando o risco de incêndios.

A empresa recomendou não abrir mais setores no hospital para garantir que a estrutura não cedesse. Com isso, a ala da emergência está fechada há mais de três anos, sem previsão para ser reaberta.

As condições precárias podem fazer com que menos tensão chegue a alguns equipamentos. Isso significa que aparelhos de UTI, por exemplo, podem estar funcionando abaixo da capacidade ideal, ou sequer estar funcionando.

Com informações do G1.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil© Marcelo Camargo/Agência Brasil.

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