Promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro acusam o filho mais velho do presidente da República, senador Flávio Bolsonaro (sem partido – RJ) e sua mulher, Fernanda de ter usado mais de R$ 600 mil em espécie, proveniente de rachadinhas, para comprar imóveis na Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação foi publicada na edição desta quinta-feira (19) pelo Jornal Folha de São Paulo. Segundo a matéria, o MPRJ tem indícios de que o senador e a esposa compraram dois imóveis em Copacabana no valor total de R$638,4 mil. O pagamento teria sido feito em dinheiro vivo, cuja origem vinha da prática de lavagem de dinheiro por coação de servidores que teriam que devolver parte do salário para os deputados, disse o jornal. As ‘rachadinhas’ eram realizadas no gabinete do então deputado estadual. Na época, Flávio ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj.
Rachadinha
A prática da ‘rachadinha’ consiste no repasse de salários de assessores para o parlamentar sob acordo feito previamente estabelecido, muitas vezes, como uma das exigências para a contratação. Na operação realizada ontem pelo MPRJ, Flávio Bolsonaro também foi alvo de busca e apreensão com a visita do MP a loja da franquia Kopenhagen da qual ele sócio, no Via Parque Shopping, na Barra da Tijuca. O Ministério Público aponta suspeita sobre a loja de chocolate e imóveis do senador como meios para lavagem de dinheiro quando era deputado no período de 2007 a 2018. Há suspeitas também que mais um policial militar esteja envolvido, disse o jornal.
Suspeitas
As suspeitas dos promotores veio do fato de que Glenn Dillard, norte-americano responsável pela venda dos imóveis do casal Bolsonaro, depositou em sua conta bancária, ao mesmo tempo, os cheques entregues por Flávio e Fernanda e a mesma quantia em dinheiro vivo. Os promotores dizem na petição, contudo, que o casal não vendeu nenhum imóvel naquele ano e não tinha disponibilidade financeira para a operação, afirma o jornal. Esse indício aponta que a origem possível para a quantia dos recursos em espécie seria o esquema da ‘rachadinha’.
Busca e apreensão
Foram cumpridos ontem (18), 24 mandatos de busca e apreensão ligados á apuração da prática de rachadinha, com envolvimento de pessoas ligadas a Flávio Bolsonaro, como o assessor Fabrício Queiroz. Os crimes investigados são peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
As investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro começaram em 2018 após o Conselho de Controle de Atividade Financeira a ( Coaf ) encaminhar para o Ministério Público relatórios sobre movimentações atípicas de Fabrício Queiroz de R$ 1,2 milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017. O policial militar aposentado que era assessor de Flávio quando exercia o mandato de Deputado Estadual no período. Chamou atenção dos promotores a forma com que as operações se davam, com depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas do pagamento de servidores da Alerj. A operação dessa quarta ocorreu após quase dois anos do início das investigações contra Queiroz.
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Foto: Pedro França/Agência Senado