Os advogados Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, e Sheila de Carvalho, que participaram de live do portal iG avaliam que a criação de CPI da Covid para investigar as ações do governo federal na pandemia, eventuais omissões e o repasse de verba a estados e municípios é uma “cortina de fumaça” para desviar a atenção das mortes pela Covid-19.
“A minha preocupação maior é que nós estamos no momento de 4 mil mortes diárias, nós temos um presidente absolutamente sádico que cultua a morte. Esse presidente tem feito cortinas de fumaça para tirar a atenção que tem que ser a única, que é o combate à pandemia. Isso foi uma cortina de fumaça para que nós saiamos do debate necessário da responsabilização pelas mortes”, afirmou Kakay na noite de ontem (13).
Para o advogado criminalista, essa responsabilização do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deveria ser a “prioridade um, dois, três, quatro, cinco, dez”. “Amanhã só vai estar todo mundo discutindo se a CPI vai ser presidida por alguém ligado ao presidente e nós vamos estar perdendo a oportunidade do impeachment de um presidente genocida”, disse.
A análise é compartilhada por Sheila de Carvalho, que chama a atenção para a distorção que Bolsonaro fez de uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a União, estados e municípios tenham a possibilidade de tomar medidas para combater a pandemia.
“Bolsonaro há meses tenta colocar a culpa das mortes pela pandemia e pela morte da economia nos estados. Ele fala que é por conta das decisões tomadas nos estados, que não estavam alinhados com essa política de morte do governo federal”, afirma a advogada.
A avaliação da especialista, a CPI da Covid corre o risco de ser um processo esvaziado por conta do apoio que Bolsonaro tem no Congresso.
“Eles vão criando narrativas prontas, distrações, bem nessa linha da cortina de fumaça, para que o processo seja deslegitimado, para que esse processo seja esvaziado. O foco dessa CPI deve ser a União.
Se os estados e municípios também tiverem que ser investigados, que isso seja feito nas casas legislativas desses locais”, diz Sheila.
Comissão
O Podemos escolheu, na terça-feira (13), os dois representantes do partido que vão compor a comissão da CPI da Covid no Senado. Serão Eduardo Girão (CE) — senador que colheu assinaturas para a “CPI ampliada, que investigará, também, estados e municípios — e Marcos do Val (ES).
Eduardo Girão foi o responsável por propor que estados e municípios também sejam objetos de investigação. A solicitação do senador foi apensada ao requerimento apresentado por Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Os parlamentares escolhidos pelo partido seguem uma linha mais próxima à do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Fonte: Portal IG
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