A missão do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) em Petrópolis (RJ), ajudou a localizar três pessoas que perderam a vida após as fortes chuvas e enchentes na região serrana do Rio de Janeiro. O trabalho em apoio aos militares do RJ envolve 14 bombeiros e dois cães com atuação de referência em operações de grande complexidade, como no rompimento da barragem em Brumadinho, por exemplo. O trabalho de resgate em andamento é muito importante para quem perdeu familiares, parentes e amigos na tragédia.
“Com a ajuda dos cães, chegamos a identificar oito pontos de interesse (ou locais em que pode haver vítimas). No entanto, depois de escavar e procurar com uso de ferramentas especializadas, identificamos três vítimas”, explica o coronel Ferreira, que comanda a missão mineira na cidade fluminense.
As buscas, conta ele, seguem enquanto há luz, por cerca de 12 horas a 14 horas por dia. Os militares devem parar apenas em alertas de evacuação, o que ocorre em caso de chuvas mais fortes, que podem causar mais deslizamentos no terreno já instável.
Na rotina na área operacional Alpha II, Morro da Oficina, os bombeiros usam ferramentas especiais como bomba de água suja, marteletes rompedores, escoras especiais, aparelhos para levantar escombros e detector de vida sísmico.
Experiência
“Fomos acionados pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro não devido à quantidade de militares envolvidos na missão, mas por uma relação de qualidade de efetivo. Temos experiência nesse tipo de tragédia e uma ferramenta fundamental, os cães de busca (também chamados de resgate, de trabalho ou bombeiros). Muitos de nós estivemos em Mariana, todos estivemos em Brumadinho e alguns ajudaram em tragédias até fora do país, como em Moçambique e no Haiti”, observa Ferreira.
O coronel destaca que a experiência vivida pelo grupo de militares de Minas resultou em qualidades importantes para missões complexas, como capacitação técnica, condição física e psicológica.
Questionado sobre o cenário em Petrópolis em relação ao da tragédia de Brumadinho, o militar fala que o único aspecto de semelhança é a instabilidade terreno de buscas. “Em Minas, havia muita lama, enquanto aqui é uma encosta com material não estabilizado, com riscos de desabar, escorregar. Até por isso, nossa preocupação com segurança e observação de rota de fuga é grande”, detalha.
Continuidade
Para os próximos dias, a equipe mineira espera poder dar resposta a mais famílias. “Estamos no quarto dia de operação e vamos seguir até a próxima quinta-feira (24/2), numa jornada padrão das Forças de Segurança. Mas, se o CBMRJ precisar de mais ajuda, poderá contar com os militares mineiros”. Neste caso, ressalta, outra equipe será acionada.
O coronel destaca ainda que a ajuda a Petrópolis não desfalca o Corpo de Bombeiros e o estado de Minas Gerais, que também tem sofrido com enchentes e deslizamentos provocados pelas chuvas. “Nossa equipe é treinada para respostas rápidas, além de muitos terem experiência em tragédias”.
O bombeiro diz que a sensação é a de que ele e equipe estão colaborando com esforço, confiança na trajetória de preparação e na experiência adquirida na profissão.
“Acredito também que nossa participação tem sido relevante para respostas. Muitas pessoas perderam tudo, pessoas queridas, casas, bem materiais. Tiveram a história lavada, as lembranças, alegrias da infância. Nesse cenário, ajudamos para tentar oferecer o mínimo de alento, a possibilidade de viver o luto e seguir o ciclo da vida, a favor da vida, da dignidade, do respeito”.
*Perfil dos bombeiros empenhados na missão Petrópolis*
Militares: 14 homens (três na ordenação e planejamento; oito em buscas em estruturas e três em busca com cães).
Cães da raça pastor belga: Chronos, sediado em BH, e Bono, sediado em Governador Valadares.
Foto: CBMMG / Divulgação