Por Hoje em dia / Blog do Lindenberg
O Exército resolveu, pelo bem da hierarquia e da disciplina, evitar que se comemore o 31 de março. Houve bem o comando da tropa. Mas ao que parece eles estão de olho mais é nos clubes militares da vida. São eles que parecem querer tumultuar a caserna. Pelo menos é o que deixa a demonstrar a nota do comando do Exército, quando a orientação do atual do governo é exatamente no sentido contrário, ou seja, despolitizar a vida militar. Lula disse isso claramente ao recomendar que “quem quiser se candidatar, que tire a farda e se apresente como um simples cidadão”.
Mas há quem tente burlar essa recomendação. Pelo menos foi essa a determinação do novo comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, que, aliás, impressionou Lula ao discursar diante de sua tropa, no comando do II Exército, em São Paulo. Mas foi exatamente isso o que disse o general Tomás Paiva, o que deve ter dado a Lula a certeza de que a partir dali o novo comandante iria despolitizar a caserna.
E não é de outra forma que o general Tomás Paiva está agindo, a despeito da resistência de alguns “bolsões de resistência”. Basta ver a proibição de ontem que impede manifestações como aquelas que temos visto nos últimos anos, sobretudo no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ontem, a propósito, como se imaginava, houve uma espécie de troca de turno no Clube Militar: alguns idosos começaram a entrar no Clube Militar de bengalas e vestidos com a camisa da seleção brasileira. Eram os que iam comemorar, antes do meio-dia, o 59 aniversário do golpe militar que colocou o país na mais profunda escuridão.
Já no início do mês de março, o ministro da Defesa, José Múcio, avisou aos comandantes das Forças Armadas que não divulgaria Ordem do Dia ou Nota Oficial sobre a ditadura no aniversário do golpe. Mas ainda assim, militares da reserva e da ativa comemoraram o 31 de março, ainda que de bengalas, mas descumprindo a determinação do comandante do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Mas, não há como negar, a comemoração do 31 de março, como alguns lembraram, foi no velho Clube Militar, ainda que ao preço de 90,00 reais para cada convidado. O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou que a instituição punirá oficiais que comemorarem o aniversário golpe militar ou que participarem de eventos organizados por militares da reserva. Um coronel disse que não tomará conhecimento da ordem do ministro José Múcio porque “a entidade é civil e não devemos nenhuma orientação ao ministro da Defesa”.
Voltando para Minas Gerais, não deixa de soar estranha a nota da Assembleia Legislativa que, sem dar nomes dos bois, alerta que vai tomar providências contra ameaças aos deputados estaduais mineiros. Coube ao deputado Alencar da Silveira dizer que as ameaças partem de internautas insatisfeitos, como no caso dele, que pediram uma CPI do Mineirão. Informado por colegas sobre as ameaças, Alencar da Silveira Júnior, disse que muitos deputados estão sendo ameaçados de morte, incluindo familiares, caso não assinem o documento que pede a instalação da CPI do Mineirão. “Fui um dos primeiros deputados assinar esse pedido de CPI e, portanto, não fui ameaçado, mas não podemos aceitar isso. Em 34 de vida pública nunca vi isso acontecer”. Segundo Alencar, a Polícia Civil já foi acionada nessa mesma tarde e já está em campo.
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