Contas no Twitter supostamente vinculados ao Anonymous publicou, no fim da noite desta segunda-feira (1º), uma série de informações pessoais do presidente Jair Bolsonaro, de seus familiares e de vários aliados, como os ministros da Educação, Abraham Weintraub, e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Os filhos do chefe do Executivo Carlos, Eduardo e Flávio também foram atingidos. Além deles, o empresário Luciano Hang, proprietário da Havan e um dos mais entusiasmados defensores do presidente também foi alvo. O deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) também teve seus dados divulgados.
Os dados foram publicados no Pastebin, um serviço on-line que permite que se colem trechos de documentos e códigos para acesso compartilhado. No material vazado continha informações como números de telefone, endereços (físicos e de e-mail), CPF, registros partidários, declarações de bens, scores do Cadastro Positivo e até dívidas.
Em instantes, o Twitter agiu e suspendeu a conta derivada do grupo central brasileiro de hackers. Mas em outra conta, a organização informou que não vai parar e vai novamente disponibilizar as informações.
De acorco com a coluna Sonar, do jornal O Globo, alguns dos dados divulgados já eram de conhecimento público, como a declaração de bens imobiliários.
O Anonymous foi criado em 2003. O grupo atua em outros países e ressurgiu no último domingo, após desdobramentos do caso de George Floyd, homem negro assassinado durante uma abordagem policial nos Estados Unidos. Em vídeo, a organização ameaça expor “muitos crimes” cometidos pela polícia em todo o mundo.
Investigação
Nesta terça-feira (2), o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, pediu à Polícia Federal abertura de inquérito para investigar o vazamento dos supostos dados. Segundo o ministro, as investigações vão apurar crimes previstos no Código Penal, na Lei de Segurança Nacional e na Lei das Organizações Criminosas.
Em seu Twitter, Jair Bolsonaro disse que vazamento de dados é ‘clara medida de intimidação’. E afirmou que “medidas legais estão em andamento, para que tais crimes, não passem impunes.”
O deputado Douglas Garcia confirmou o vazamento de seus dados e acusou a ação criminosa dos hackers, em rede social, na noite dessa segunda-feira. Ele disse que registrará boletim de ocorrência policial sobre a invasão.
Carlos Bolsonaro, também nas redes, acusou “a turma pró- democracia” pelo vazamento, sem apresentar provas.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, responsável pela segurança de Bolsonaro e familiares, informou que o caso do vazamento será tratado pelo Ministério da Justiça.
Já o Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos, em nota, disse que repudia o vazamento e que se trata de uma violação aos direitos fundamentais.
“Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos repudia a divulgação criminosa de dados, em clara violação aos direitos fundamentais à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem. A divergência de ideias jamais deveria ser justificativa para a prática de ação totalitária e antidemocrática como esta. Que os responsáveis sejam devidamente identificados e processados, nos termos da lei”, afirmou o ministério comandado por Damares Alves.
Foto: Freepik