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Empresa terceirizada ajudou a conter vazamento 7 meses antes de tragédia em Brumadinho

15 de julho de 2019, 21h23 | Por Carlos Lindenberg com Letícia Horsth

by Carlos Lindenberg com Letícia Horsth

Funcionário que prestava serviço de prevenção a incêndio contratada pela Vale para conter o vazamento apresentado pela barragem do Córrego do Feijão em Brumadinho, diz que ajudou a conter vazamento 7 meses antes da tragédia.

O ajudante da Reframax Engenharia Antônio França Filho, foi uma das testemunhas que prestou depoimento nesta segunda-feira (15), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais que investiga as causas do rompimento da estrutura.

O vazamento foi registrado em 11 de junho do ano passado durante a instalação de um dreno horizontal profundo (DHP) e, segundo deputados da CPI, tratado como de importância reduzida por representantes da empresa em sessões da comissão.

Antonio França disse à CPI nesta segunda que mais de 50 pessoas, entre funcionários da Vale e terceirizados, trabalharam na tentativa de solucionar um vazamento ocorrido em junho do ano passado. Durante quatro dias, ele ajudou a retirar os rejeitos drenados da barragem. Antes de ser colocado para a frente de trabalho voltada para conter o vazamento, Antonio França fazia serviços como suporte de soldagem de luminárias de emergência para casos de incêndio na área administrativa do complexo do Córrego do Feijão, onde ficava a barragem que rompeu.

No momento do rompimento, ele estava na Instalação de Tratamento de Minério (ITM), que fica 7 metros acima da barragem e a cerca de 1 quilômetro de distância. A força da lama destruiu a plataforma onde ele e outros colegas estavam e o ajudante foi lançado abaixo e ficou preso em ferragens de equipamentos. Por duas horas, gritou por socorro e foi ouvido por colegas que voltavam de uma mina vizinha, que acionaram os bombeiros. Dos 59 empregados da empresa que prestavam serviço na mina, 37 morreram na tragédia.

O diretor de Operações da Alphageos Tecnologia Aplicada, Marcelo dos Santos, também prestou depoimento na CPI e contestou a informação de que o 15º dreno tenha causado um fraturamento hidráulico na estrutura da barragem, repetido por técnicos da Vale em depoimentos anteriores.

Ele explicou que o equipamento nem chegou a ser instalado. A perfuração foi feita com uma broca com água, que deveria retornar à medida que rompesse a estrutura. Mas, naquele momento, começou a vazar a dez metros de altura. Ele acredita que já havia uma perfuração anterior, que serviu de escape para a água. Após esse problema, o trabalho foi suspenso e não mais retomado.

A estrutura se rompeu em janeiro deste ano, matando 248 pessoas já identificadas e outras 22 ainda desaparecidas.

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