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Escritor Olavo Romano morre aos 85 anos Presidente emérito da Academia Mineira de Letras, Romano havia sido diagnosticado com um câncer; velório acontece nesta sexta-feira

16 de novembro de 2023, 18h25 | Por Redação - Blog do Lindenberg

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Por Jornal Otempo

O escritor Olavo Romano, de 85 anos, presidente emérito da Academia Mineira de Letras (AML), morreu no final da tarde desta quinta-feira (16), aos 85 anos. Ele deixa esposa, dois filhos, seis netos e um bisneto. A informação sobre o falecimento foi confirmada pela assessoria de imprensa da AML.

O velório do escritor acontece nesta sexta-feira (17), das 10h às 15h, na Academia Mineira de Letras, no Centro de Belo Horizonte. O sepultamento acontece às 16h30, no Cemitério Parque da Colina, também na capital mineira.

Romano havia sido diagnosticado com um câncer há cerca de uma semana. O escritor foi internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte. Ele foi hospitalizado já com a doença em metástase e falência múltipla dos órgãos.

Trajetória
Olavo Romano nasceu em Morro do Ferro, distrito de Oliveira, na região Oeste de Minas Gerais, em 1938. Foi presidente emérito da Academia Mineira de Letras, onde ocupou a cadeira 37, editor sênior da Caravana e autor homenageado da Bienal Mineira do Livro de 2022. Formado em Direito, Romano cursou o mestrado em Administração na Fundação Getúlio Vargas. Ele também foi professor nos cursos de Serviço Social e Comunicação da PUC e fez carreira no serviço público aposentando-se como Procurador do Estado.

“Casos de Minas”, seu livro de estreia, completou 40 anos em 2022. A obra, lançada em 1982, registrou o jeito mineiro de ser, viver e falar do Brasil rural em que Olavo nasceu e foi criado. À época, a obra vendeu 540 em poucas horas. Uma edição de 3 mil exemplares se esgotou em menos de seis meses.

Outra curiosidade sobre a obra, é que o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade viu na capa a fazenda do avô, a mesma escada, “só que do lado contrário”, e saudou o autor por “sua prosa feliz”. Jorge Amado também falou do livro correndo de mão em mão em sua família.

Romano não parou de escrever, naa sequência, vieram “Minas e seus casos” (Ática, 1984), “Dedo de prosa, Prosa de Mineiro” (Lê, 1986), “Os mundos daquele tempo” (Atual, 1988), “Um presente para sempre” (Atual, 1990), “Memórias meio misturadas de um jacaré de bom papo” (Dimensão, 2002), “São Francisco rio abaixo” (Abigraf, 2006), “Retratos de Minas” (Conceito, 2007), com o fotógrafo José Israel Abrantes, “Eta mineiro jeito de ser” (Leitura 2007), com relatos que, encenados, resultaram em três CD-ROMs distribuídos em escolas públicas. A toada de casos mineiros prosseguiu com “A cidade submersa” (Ramalhete, 2016) e agora com este “Café com prosa” (2021).
A produção Olavo Romano incluiu, ainda, outras vertentes, como a coordenação do concurso de relatos selecionados presentes em “A História das Eleições é também a minha História”, de 2013. A obra fez parte da celebração dos 80 anos da instalação da Justiça Eleitoral no Brasil. Olavo também participou de antologias, como Tertúlias Quixotescas (Caravana, 2020) e duas outras alusivas à pandemia da COVID 19.

Pela Fundação João Pinheiro, o autor participou de Belo Horizonte & o Comércio, 100 anos de História, 1977, seguido de dez fascículos focalizando a vida de empresários da Capital. Para Além da Cidade Planejada, 1997, focaliza o Colégio Magnum e região Nordeste da Capital mineira. Memória Viva (1998) resume 50 anos da Alcan em Ouro Preto; Mestres Minas Ofícios Gerais (2000) resgata culturalmente o artesanato em Araxá. Seu livro Pés no Caiçara – um olhar sobre a Pampulha, escrito para o Shopping del Rey, foi lançado em 2003. Iluminando os caminhos de Minas (2005), registra os 50 anos da Cemig, enquanto Notas e tons de Israel (2014) conta a vida do empresário Israel Kuperman, resgatando sua experiência de “judeu que saiu da arca”.

O conto “Como a gente negoceia” gerou o curta-metragem “Negócio Fechado”, produção premiada no Festival de Gramado de 2001. O texto Zeca Lifonso serviu de base a curta metragem produzida em Muriaé pelo cineasta Euler Luz.
Com o concertista Roberto Corrêa, desenvolveu, pelo interior de Minas, o projeto Causo, Viola e Cachaça, do SEBRAE/AMPARC. Já com o projeto Minas Além das Gerais, do Governo do Estado, apresentou-se em Brasília, Rio de Janeiro e em São Paulo. No programa “Sempre um Papo”, animou saraus por diversas cidades mineiras. Fez parcerias musicais com Pereira da Viola, Chico Lobo, Lu e Celinha, com apresentações em shows e animados saraus. Durante muitos anos, aos domingos, participou do quadro Prosa Arrumada, do programa Arrumação, ao lado de Saulo Laranjeira.

Presidiu a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Prof. Luiz de Bessa e pertenceu ao Conselho Curador da Fundação Caio Martins, ao Conselho de Integração Social da Faculdade Estácio de Sá e integrou os Conselhos Consultivo de Instituto Fernando Pacheco e o de Administração da Imprensa Oficial de Minas Gerais. Foi Sócio Benemérito do Instituto Maestro João Horta.

No sossego do sítio onde se refugiou, Olavo Romano organizou seu legado, construído nos últimos quarenta anos. Presente com oito obras na Bienal Mineira do Livro de 2022, autografou também exemplares de dois livros conjuntos: “Tertúlia Quixotesca” e “FAMÍLIA ROMANO: Memória – Afeto – Gratidão”. Além disto, ainda em 2022, recebeu no projeto “Prosa e Cantoria”, os amigos Carlos Farias, Celso Adolfo, Chico Lobo, Lu e Celinha, Paulinho Pedra Azul, Rodrigo Delage, Saulo Laranjeira, Tau Brasil, Tino Gomes e Wilson Dias.

Foto: reprodução

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