Home Jornalismo A morte e as mortes de André

A morte e as mortes de André Texto escrito pelo jornalista Carlos Felipe Horta.

29 de outubro de 2019, 23h25 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Acabo de saber da morte de André Carvalho, amigo e companheiro antigo desde os tempos do Binômio, passando, depois, pela Itatiaia, Guarani, Mineira, TV Itacolomi, Armazém de Idéias e tantos outros lugares. Esta relação de amizade nos permitiu participar de momentos que, hoje, fazem a História da Comunicação em Belo Horizonte e Minas Gerais. Como o Grande Jornal Hércules e Grande Jornal Itatiaia, na Itatiaia, os Primazes na Guarani; o Factorama, na Mineira; a Universidade Popular da Manhã, o Sérgio Bittencourt, Obrigado, na TV Itacolomi, e em tantos outros lugares e momentos em que André colocou sua genial criatividade de comunicação. Ao sair do rádio e tevê, tornou-se editor de livros e tivemos, onde tivemos a oportunidade de, inclusive, ter lançado, no Brasil e em Cuba, a primeira tradução, pára o português, dos “Versos Sencillos”, do herói cubano José Marti. Sinceramente, não sei quantos livros André escreveu. Foram muitos, incluindo um antológico levantamento dos jornalistas mineiros. Entre os muitos parceiros que teve destaco dois “caras” geniais, Sebastião Martins e Célius Aulicus. Ganhador de tudo quanto é prêmio literário, destaco o internacional “Casa de Las Americas” . E quando se pensava que o curvelano André iria parar um pouco, lá vinha ele com uma nova criação. Até que nos últimos tempos, ele se recolheu e não sei quantas vezes circulou a informação de que teria morrido. Agora, porém, infelizmente, parece ser verdade mesmo. E com ele morre uma pessoa que, lutando contra uma deficiência física, conseguiu se transformar um pouco em lenda, mesmo estando vivo. Perco um grande amigo e uma pessoa que foi fundamental na minha vida profissional, quando o Binômio foi fechado, em 1964, por causa da Revolução, me levou para a Itatiaia, me dando a oportunidade de viver um grande momento histórico, quando a emissora de Januário Carneiro foi um dos únicos meios de comunicação a manter acesa, pelo menos em parte, a chama da liberdade jornalística, tão preciosa para quem é realmente jornalista. Uma pena a morte de André mas a lenda em redor dele vai permanecer cada vez mais viva.

Texto: Jornalista Carlos Felipe Horta

Foto: Redes Sociais

LEIA TAMBÉM

Envie seu comentário