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Marielle: Chiquinho Brazão recebeu miliciano e mulher de líder do CV Caso Marielle: citado em delação homologada pelo STF, deputado federal Chiquinho Brazão possui uma curiosíssima lista de visitantes.

20 de março de 2024, 10h26 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Citado por Ronnie Lessa nas investigações envolvendo o assassinato de Marielle Franco, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) possui uma curiosíssima lista de visitantes que passaram pelo seu gabinete. Ele já recebeu de miliciano acusado de duplo homicídio a esposa de líder do Comando Vermelho (CV) condenada por envolvimento com o tráfico de drogas.

Quando era vereador, Chiquinho Brazão se reuniu com o miliciano Cristiano Girão em 7 de março de 2018, uma semana antes da execução de Marielle, sua então colega na Câmara do Rio de Janeiro. Girão e Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora, têm um elo macabro. Ambos vão juntos a júri popular por envolvimento em outro crime: o homicídio de um policial e sua esposa. Preso desde 2021, Girão foi condenado por chefiar uma milícia na zona oeste da cidade que tomou o controle de área antes dominada por traficantes do CV.

Em março de 2023, já na Câmara dos Deputados, em Brasília, Chiquinho Brazão se reuniu com Luciane Farias, esposa de Clemilson Farias, o Tio Patinhas, líder do CV no Amazonas. Ela foi condenada a 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa, mas responde em liberdade enquanto aguarda recurso. A coluna teve acesso a documentos que mostram que as visitas ao gabinete do parlamentar ocorreram nos dias 14 e 15 de março, respectivamente às 11h49 e 10h54.

A referência a Chiquinho Brazão na delação de Ronnie Lessa foi revelada com exclusividade por Guilherme Amado, colunista no Metrópoles, nesta terça-feira (19/3). Foi a citação ao deputado, que tem foro por prerrogativa de função, que fez com que o inquérito migrasse do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Registro apagado
Revelada pelo site Intercept, a visita do miliciano Cristiano Girão a Chiquinho Brazão foi apagada dos registros da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que, na ocasião, não soube explicar o motivo.

O próprio Girão, contudo, confirmou a visita em entrevista. Ex-vereador, ele disse que aproveitou que levou a esposa para fazer exames médicos no centro da cidade para, então, passar na Câmara e visitar Chiquinho Brazão, bem como o também parlamentar Jorge Filippe, ex-presidente da Casa.

Esposa de líder do CV
A coluna questionou o gabinete de Brazão sobre o teor do encontro com Luciane Farias, mas ainda não obteve retorno. Em suas viagens a Brasília, ela também se encontrou com os deputados André Janones (Solidariedade), Guilherme Boulos (PSol) e Daina Santos (PCdoB). A esposa de Tio Patinhas milita por melhores condições para presidiários e familiares de detentos.

Na política, Chiquinho Brazão e seu irmão Domingos Brazão, que também figura nas investigações sobre Marielle, rumaram caminhos distintos em eleições presidenciais. Atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos apoiou Dilma Rousseff na eleição de 2014, a última na qual pôde se manifestar antes de assumir o atual cargo.

Chiquinho Brazão, por sua vez, apoiou o então presidente Jair Bolsonaro na campanha de 2022.

Com informações do Metrópoles.
Foto: Agência Câmara.

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